Afinal, qual é o caminho do lixo? Todos os dias uma enorme quantidade de resíduos derivados das residências, dos comércios e indústrias e dos serviços de saúde é produzida nos centros urbanos. Promover o tratamento e a destinação apropriada a milhares de toneladas coletadas é uma medida que requer planejamento, adoção de tecnologias, controle e fiscalização constante.

Os problemas ambientais e sociais associados à grande produção de lixo e a importância da sua separação para o processo de reciclagem apropriada são temas bastante recorrentes. Entretanto, o que poucos conhecem é o que ocorre após o descarte feito pelas residências e prédios das cidades. Qual caminho ele percorre? Para onde é levado? Quais são os impactos do material não reciclável?

Pensando nisso, mostraremos neste artigo qual é o caminho do lixo que sai da sua casa após ele ser descartado. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

Os volumes do lixo no Brasil

Em praticamente todas as grandes cidades brasileiras, os resíduos sólidos se tornaram, nos últimos anos, um dos maiores problemas em termos de planejamento urbano e gestão pública.

Estudos apontam que a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil gira em torno de 160 mil toneladas por dia. Só a cidade de São Paulo é responsável por produzir 12 mil toneladas por dia — tornando a capital a cidade que mais gera lixo do país.

Desse montante, 30% é considerado passível de reaproveitamento e reciclagem. Entretanto, como o setor ainda é pouco explorado no país, apenas 3% desses resíduos são efetivamente reciclados.

Do total de resíduos produzidos por ano no Brasil, 13,5% são apenas descartes de materiais plásticos, o que equivale a 10,5 milhões de toneladas. Embora apresente potencial para reciclagem e seja um material de alto impacto ambiental, sobretudo nos oceanos, o plástico apresenta problemas por conta do baixo valor agregado e a considerável quantidade de resíduos necessária para obter algum lucro.

Ao contrário do que muitos pensam, a correta gestão do lixo ainda enfrenta um longo processo que, necessariamente, inicia dentro de casa. Isso porque colocar o lixo para fora não caracteriza o final do processo, mas apenas o começo de uma cadeia onerosa e complicada.

O caminho do lixo reciclável

O caminho do lixo reciclável começa a partir do recolhimento dos resíduos descartados pelas residências do município, sendo realizada pelos caminhões compactadores e os coletores.

Desconsiderando os resíduos gerados nas indústrias, hospitais, clínicas e nos demais serviços de saúde — que podem precisar de cuidados especiais —, a coleta de lixo, de modo geral, pode ser dividida em dois tipos: domiciliar e seletiva, as duas realizadas nas residências. A primeira retira todo o lixo produzido na casa e que não pode ser reaproveitado, como restos orgânicos, papel higiênico, fraldas descartáveis, entre outros.

Já a coleta seletiva é direcionada à reciclagem, ou seja, tudo que pode ser reaproveitado, como latinhas de refrigerante, garrafas pet, papelão, vidro, embalagens plásticas etc. Lembrando que os dois tipos de lixo não podem ser misturados e o recolhimento deve ser realizado de modo diferente. No Brasil, os catadores de lixo têm um papel muito relevante em relação à destinação correta do lixo reciclável. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 90% dos resíduos sólidos reciclados no país são provenientes do trabalho dos catadores.

A partir da coleta, o resíduo reciclável segue por diferentes caminhos e acaba, muitas vezes, tornando-se matéria-prima para a própria indústria. Esses materiais são coletados porta a porta e transportados até uma central mecanizada de triagem, que apresenta etapas manuais e automáticas, nas quais há separação por tipo de material: papéis, plásticos, metais, vidros e embalagens do tipo Tetra Pak.

Em seguida, os resíduos são carregados por uma esteira para a identificação do material e a separação deles por tamanho. O lixo separado é conduzido a silos (reservatórios), onde materiais correspondentes são agrupados e prensados em formato de fardos, que posteriormente serão vendidos.

O caminho do lixo não reciclável

De modo geral, tudo aquilo que não foi identificado como reciclável é considerado rejeito. Esse material segue para o transbordo, junto aos demais resíduos orgânicos da coleta domiciliar, destinados a um aterro sanitário, a um lixão a céu aberto ou aos espaços de incineração.

No aterro sanitário, por exemplo, o caminhão que leva o lixo é pesado em uma balança antes de descarregá-lo. Com o uso de tratores, inicia-se o processo de espalhamento e compactação do lixo em camadas no terreno, coberto por terra posteriormente. Isso evita mau cheiro, insetos e animais.

Apesar de proibidos pela Lei n°12.305/10, os lixões ainda são muito comuns no Brasil. Neles, o lixo é meramente colocado sobre o solo, a céu aberto, sem nenhuma medida de controle ambiental ou sanitário. Além dos problemas relacionados ao meio ambiente, eles afetam a saúde pública e as esferas social e urbana.

Vale ressaltar que algumas substâncias com potencial para reciclagem são comumente descartadas de forma incorreta, como o óleo. Muitas pessoas não sabem o que fazer com a gordura usada e acabam despejando na pia, no ralo, no bueiro ou no vaso sanitário. Devido aos seus impactos ambientais e sociais, o ideal é fazer o descarte de óleo de forma correta.

Os impactos do lixo não reciclado no planeta

Quando o caminho dos resíduos recicláveis é o acúmulo em lixões a céu aberto e aterros sanitários, o tempo de decomposição do material se torna um problema. Uma garrafa pet, por exemplo, pode demorar cerca de mil anos para se decompor.

Além disso, com o início da decomposição da matéria orgânica depositada no lixo, ela produz um líquido escuro chamado chorume que, no caso dos aterros, é drenado e tratado para assegurar a proteção ambiental e evitar poluição. No entanto, quando esse tratamento não acontece, como é o caso dos lixões, o líquido penetra e contamina o solo, podendo chegar até os lençóis freáticos e contaminar, também, a água.

O chorume atrai, também, animais e insetos, que aumentam a proliferação de doenças e prejudicam a fauna e flora. Já a incineração do material libera diversos tipos de gases tóxicos, colaborando para a formação de chuva ácida, doenças respiratórias e intoxicações.

Além de incentivar a conscientização para reduzir a quantidade de lixo produzido e o consumo exacerbado da população, o processo de separação dos resíduos e, consequentemente, a reciclagem como prática sustentável, deve ser o principal procedimento utilizado.

A prática do Lixo Zero é uma ótima opção para adotar boas práticas cotidianas que ajudam a reduzir a produção e praticar um consumo consciente. Atitudes simples, como separar os materiais recicláveis dos orgânicos, podem contribuir significativamente para a preservação do meio ambiente e a coleta seletiva da sua cidade. Afinal, o melhor caminho do lixo é a destinação correta e a reciclagem.

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