
Resíduos da construção civil: um panorama sobre o descarte no Brasil
O descarte incorreto dos resíduos da construção civil é muito prejudicial ao meio ambiente. Descubra agora qual é o atual…
Saneamento, sociedade e meio ambiente
Na sociedade moderna, o consumo desenfreado gera uma quantidade muito grande de resíduos que acabam sendo descartados. Quando esse descarte não acontece de forma consciente, ou seja, quando o lixo gerado não é encaminhado para reciclagem ou destinado a aterros sanitários, os resíduos acabam depositados em locais impróprios, desprovidos de infraestrutura adequada, conhecidos como lixões a céu aberto.
Esses lugares acumulam todo o tipo de detritos, desde o lixo residencial, que inclui descarte de alimentos, embalagens, papéis, entulhos, plásticos, entre outros, até produtos químicos e resíduos hospitalares, com alto risco de contaminação.
O descarte de lixo nesses locais apresenta vários problemas, como infiltração de chorume no solo, que polui as águas subterrâneas, e a emissão de gases tóxicos resultantes da decomposição, que também provocam mau cheiro. Os lixões a céu aberto também representam um grande problema social, pelo risco de propagação de doenças.
Continue a leitura para entender melhor esse tema e descobrir como deve ser feito o descarte correto de resíduos!
O preço da disposição inadequada do lixo urbano, pago pela sociedade, é muito alto. Além de comprometer a saúde das pessoas, o descarte irresponsável causa graves problemas ambientais. Nos lixões, a decomposição dos resíduos ao ar livre e diretamente sobre o solo causa infiltrações, o que leva a contaminação para o lençol freático.
Dependendo da substância que atingir a terra e as águas, a degradação ambiental pode levar anos para ser eliminada. É o caso, por exemplo, dos hidrocarbonetos, tais como produtos derivados de petróleo, que podem estar impregnados em simples embalagens, como as de lubrificantes automotivos.
É no lixão a céu aberto que ocorre, também, a formação do chorume, líquido que resulta da degradação de compostos orgânicos. Ao atingir as águas subterrâneas, os contaminantes têm o potencial de prejudicar áreas muito extensas, comprometendo a qualidade de vida das pessoas que residem na região, bem como a agricultura e agropecuária.
No entanto, o problema de um lixão a céu aberto não é somente o risco de propagação de contaminantes químicos por meio da água. O acúmulo de resíduos, sem qualquer cuidado ou tratamento, representa um foco perigoso de disseminação de doenças. O lixo atrai pragas como baratas e ratos, que podem ser transmissores de várias enfermidades.
O acúmulo de água parada nessas regiões também leva à formação de focos criadouros de mosquitos, como o aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya. Por questões econômicas e sociais, muitas pessoas residem no entorno desses locais em que ocorre a deposição inadequada de lixo, ficando sujeitas a todos esses riscos.
No Brasil, os catadores de lixo têm um papel muito relevante em relação à destinação do lixo. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 90% dos resíduos sólidos reciclados no país são provenientes do trabalho dos catadores.
O trabalho desses profissionais, que é essencial para a gestão dos resíduos no país, envolve a procura pelo material, sua captação, seleção, acondicionamento e transporte. A procura por resíduos a serem coletados pode ocorrer por parcerias com locais que recebem esses materiais ou por meio da procura de itens reaproveitáveis nas ruas ou nos próprios lixões.
No entanto, a realização desse importante trabalho está sujeita a diversos riscos, desde acidentes com vidros quebrados e outros resíduos perfurocortantes, até a contaminação por agentes causadores de doenças, como vírus e bactérias.
Ao manipular os resíduos descartados, os catadores podem ser expostos a diversos agentes patogênicos. Além disso, podem ser contaminados por produtos como metais pesados, solventes, herbicidas e líquidos que vazam de baterias ou pilhas, entre outros.
Um outro cenário preocupante é nos casos em que a precariedade social é tão grande que as pessoas vivem nas proximidades e se alimentam de produtos descartados nos lixões. No caso das crianças expostas a essa situação, o problema é ainda mais grave, pois além das doenças decorrentes da falta de saneamento básico e de condições adequadas de vida, a precariedade leva a problemas no desenvolvimento físico e cognitivo. Tudo isso também se reflete no sistema de saúde pública, cada vez mais sobrecarregado, e no baixo índice de desenvolvimento urbano.
De acordo com o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU), os lixões a céu aberto impactam cerca de 75 milhões de pessoas no Brasil. Além disso, 17 milhões de brasileiros nem sequer contam com coleta de lixo nos locais onde vivem.
Os lixões a céu aberto são um dos grandes problemas urbanos atuais. Alguns esforços vêm sendo feitos para reduzir tais espaços e substituí-los por aterros sanitários, mas a quantidade de áreas inadequadas de depósito de resíduos no Brasil ainda é elevada.
Conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), 2,7 mil cidades, do total de 5.570 municípios brasileiros, ainda descartam os resíduos incorretamente em um lixão a céu aberto. Em 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com regras mais rígidas e prazos para que esses locais fossem erradicados até 2014.
No entanto, muitas cidades ainda não haviam conseguido se adequar, e o Marco Legal do Saneamento, sancionado em junho de 2020, deu um novo prazo para o fim dos lixões: 2 de agosto de 2021 para capitais e regiões metropolitanas; 2 de agosto de 2022, para municípios com mais de 100 mil habitantes; 2 de agosto 2023 para as cidades que têm entre 50 e 100 mil habitantes; e 2 de agosto de 2024 aquelas com menos de 50 mil habitantes.
Ainda hoje, porém, toneladas de resíduos são destinados de forma inadequada em espaços abertos, causando grandes problemas ambientais e sociais. Em 2019, a estimativa era de que apenas 3% dos resíduos gerados no Brasil eram reciclados.
Além de sobrecarregar os locais de descarte e trazer riscos à saúde das pessoas, também representam desperdício de cerca de R$ 10 bilhões por ano, decorrentes da falta de reciclagem de materiais.
É fundamental que a população entenda a importância da destinação correta de seu lixo e colabore. Vários resíduos gerados no dia a dia podem ser reciclados, transformando-se em insumos importantes para indústria. É o caso, por exemplo, de materiais plásticos e metais como o alumínio, muitas vezes descartados de forma inadequada.
Garrafas, latas, embalagens em geral, sacolas, e outros descartáveis representam um enorme problema para os lixões, pois seu tempo de degradação é muito grande. No entanto, quando reciclados, esses materiais ganham valor econômico e se transformam em matéria-prima para a indústria.
Assim, a coleta seletiva e o descarte consciente contribuem para minimizar o acúmulo de resíduos e também para gerar renda. Afinal, cooperativas de catadores sobrevivem exclusivamente dessa atividade.
Por isso, é importante conhecer as políticas de coleta de resíduos de seu município. Procure se informar a respeito e adotar os cuidados necessários em sua residência. Isso significa separar todos os tipos de resíduos e encaminhá-los para coleta seletiva.
Além disso, é fundamental disseminar as informações, para que mais pessoas de seu bairro ou região adotem o mesmo comportamento e contribuam para minimizar a quantidade de lixo acumulada.
A educação ambiental é essencial para promover a melhoria da qualidade de vida da população. Com a redução do problema dos lixões a céu aberto, haverá um grande avanço social, econômico e ambiental em todo o país.
Além disso, a melhoria do saneamento e a eliminação dos locais de deposição inadequada de resíduos também garantirá o uso consciente dos recursos naturais. Continue conosco para saber mais sobre esse assunto!
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