O Brasil abriga 12% de toda água doce do mundo. Porém, sua distribuição não é homogênea pelo território e não atende plenamente as necessidades demográficas de cada estado. Os impactos econômicos e sociais dessa realidade, em especial no que diz respeito ao acesso à água no Nordeste, uma região que sofre com a seca, são expressivos.

O Nordeste brasileiro é foco de discussões acerca de disponibilidade hídrica, uma vez que 26,7% da população nordestina não têm acesso à água tratada. Contudo, para abordar esse assunto, é preciso ir além das dificuldades climáticas, como épocas de estiagem. É essencial relacioná-lo aos desafios da expansão do saneamento no país.

Se você tem interesse nesse assunto e quer saber e entender um pouco mais a respeito dos desafios do acesso à água no Brasil, não deixe de continuar lendo este artigo. Acompanhe.

Como é o acesso à água no nordeste

A região Nordeste conta com um regime de chuvas concentrado em quatro meses ao longo do ano. Desse modo, nos períodos de escassez de chuvas, uma grande área, que engloba principalmente as regiões interioranas dos estados nordestinos, enfrentas longos meses de seca.

O saneamento de qualidade é uma das chaves para transformar o Brasil em uma potência mundial consolidada e impulsionar a economia do país. O serviço promove qualidade de vida e saúde para toda a população e impulsiona a educação e a geração de empregos. Porém, para que seus benefícios cheguem a todos, é preciso tratá-lo com a devida essencialidade e seriedade.

Em áreas rurais, que englobam 50% da população de 42,3% dos municípios do Nordeste, a preocupação é com abastecimentos advindos de fontes alternativas. Muitas vezes, fontes alternativas de água, como poços artesianos, não garantem a qualidade da água e não recebem o tratamento adequado, o que pode ocasionar uma série de complicações, especialmente para a saúde.

Apesar do perímetro urbano de algumas regiões contar com o abastecimento universalizado, muitos investimentos ainda estão em execução para proporcionar a ampliação do acesso. Afinal, os impactos do saneamento inadequado atingem diversos pontos da vida em comunidade. Como exemplos, temos:

Os maiores desafios do acesso à água no nordeste

Conhecidos os efeitos da vulnerabilidade sanitária, é preciso dimensionar os desafios que dificultam o acesso à água no Nordeste com regularidade, qualidade e segurança. Eles estão intrinsecamente ligados aos obstáculos entre o setor do saneamento e a população.

Perdas de água

A média de perdas de água no Brasil se aproxima dos 40%. Assim, os recursos hídricos acabam sendo impactados por uma infraestrutura sanitária muitas vezes defasada ou que não passa pelas manutenções adequadas. Ainda que ações por parte das concessionárias de saneamento busquem contornar a situação, as perdas geram escassez e dificuldade do acesso à água no Nordeste. Alguns motivos por trás dessas perdas incluem:

  • vazamentos nas redes de distribuição;
  • gato de água e ligações clandestinas;
  • problemas na medição do consumo;
  • hidrômetros antigos.

Má distribuição de recursos hídricos

O Nordeste possui a menor quantidade de recursos hídricos do país. Esse fator não corresponde às necessidades reais, já que a densidade demográfica da região é alta. Dessa forma, a distribuição acaba sendo dificultada pela escassez de fontes de captação, especialmente considerando os períodos de estiagem e os rios intermitentes, que correm apenas nas épocas de chuva e ficam secos na época de seca. Mesmo com cuidados, são esperadas crises futuras no abastecimento.

Vulnerabilidade histórica

Além da escassez de chuvas em determinados períodos do ano e das dificuldades no avanço da distribuição de água tratada na região, alguns desafios sociais têm como consequência a carência de água, como o entendimento dos benefícios da troca do abastecimento por poços pela água tratada de qualidade.

Apesar dos obstáculos apresentados, como a carência de visibilidade e priorização do saneamento na região, algumas atitudes podem mudar as perspectivas futuras em relação ao acesso à água no Nordeste.

O que pode ser feito para minimizar esse impacto

Para reverter o cenário apresentado, investimentos em saneamento e em programas socioambientais para sensibilização da população são fundamentais. É preciso garantir que o saneamento chegue para todos e todas na região, minimizando os riscos do abastecimento alternativo e fomentando a universalização do saneamento.

Investimento nos serviços de saneamento

Com a priorização dos serviços de saneamento, beneficia-se desde o sistema público de saúde — que reduz os gastos com internações por doenças de veiculação hídrica —, até setores como turismo, valorização imobiliária e a economia, por meio de obras de saneamento e a geração de empregos.

Economia de água

O mito da abundância afeta drasticamente o uso de recursos hídricos no país. Por ser considerada um recurso infinito, muitas vezes a economia de água, essencial para mudar o cenário desafiador do Nordeste, é deixada de lado. Sem mudanças nesse sentido, é esperado o aumento da escassez hídrica. Dessa forma, o processo de urbanização e a economia de todo o país é afetada.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Para avançar na garantir de bem-estar para população mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu, em 2015, a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Um desses objetivos, o ODS 6, se refere ao acesso à água e ao saneamento para todos e, para isso, é fundamental buscar que os princípios humanitários de direito à água sejam aplicados.

O acesso à água no Nordeste passa por uma série de desafios, em especial no que diz respeito às populações mais vulneráveis. Assim, é fundamental garantir o acesso a soluções de qualidade para regiões rurais e demais espaços que sofrem com a ausência dos serviços de saneamento, seja por desafios legais, seja por questões de infraestrutura. Espera-se, por meio de programas sólidos de investimento, que o cenário apresentado seja revertido e que a população nordestina possa contar com saneamento básico de qualidade o mais breve possível.

Manter-se informado em relação ao cenário de saneamento nacional é ideal para compreender os impactos externos que o desafiam. Por isso, descubra com o nosso post como o abastecimento de água pode ser aprimorado no Brasil!