Abrir a torneira e ver a água saindo de forma contínua é algo comum para a maioria de nós. Contudo, essa facilidade esconde que esse bem natural tende a se tornar cada vez mais escasso nos próximos anos, o que faz com o que o consumo consciente ganhe importância crescente.

Para ter uma dimensão melhor de qual o tamanho da demanda de água para os próximos anos e o que está sendo feito para que distribuição seja garantida, acompanhe este texto, que traz os principais pontos a serem observador nessa questão. Boa leitura!

Qual o tamanho do problema da escassez de água frente à demanda?

A água é um recurso natural renovável, porém finito. Ela é diferente do petróleo, que demora milhares de anos para formar novas reservas e se esgota à medida que é extraído. A quantidade de água existente ao redor do globo é mais ou menos a mesma desde sempre, principalmente graças ao seu ciclo: ela evapora, se transforma em chuva e volta ao solo, reabastecendo lagos, rios e oceanos.

No entanto, é preciso compreender que boa parte dessa água é inacessível (está em geleiras nos polos, por exemplo) ou é inapropriada para consumo humano (como a água dos oceanos). Além disso, há uma distribuição não uniforme, com áreas desérticas e regiões com rios abundantes. Com o crescimento da população do planeta, a demanda de água nos próximos anos tende a aumentar, o que faz da preservação da água uma atitude essencial para o nosso futuro e das próximas gerações.

Desde 1980, a combinação de crescimento populacional, alteração do padrão do consumo e o desenvolvimento econômico e social de parte da população mundial fez com que a demanda por água crescesse 1% ao ano, de forma regular, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) em relatório publicado em 2019.

Dessa forma, a expectativa até o ano de 2050 é de que a demanda cresça entre 20% e 30%, impulsionada, principalmente, pelo uso intenso da indústria e do agronegócio e da demanda dos consumidores domésticos, de acordo com o mesmo relatório da ONU.

O alerta hídrico pode ser agravado pelas mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. A elevação das temperaturas médias da Terra está alterando de forma significativa o regime de chuvas. Se em alguns locais elas aumentaram muito, outros sofrem com secas prolongadas, prejudicando seriamente o abastecimento de água. Exemplo disso é o que aconteceu no sudeste brasileiro, entre 2014 e 2015, e na Califórnia, também na mesma época. O ano de 2021 também promete grandes desafios, com uma estiagem severa na região sudeste.

Por fim, a falta de água pode atingir até mesmo localidades com boa disponibilidade do recurso. Isso se dá, principalmente, pela poluição dos mananciais e pela falta de investimento em infraestrutura, que impedem que essa água seja coletada, tratada e distribuída aos consumidores.

Como é o consumo de água no Brasil e no mundo?

Assim como o acesso e a distribuição de recursos hídricos ao redor do mundo, o consumo de água médio varia muito de acordo com o país. De acordo com a ONU, o consumo médio diário recomendado por pessoa é de 110 litros, mas em países como os Estados Unidos, esse número chega a 215 litros por pessoa. Já no continente africano, habitantes de nações como Mali têm acesso limitadíssimo, com média de consumo per capita de apenas quatro litros.

No Brasil, a média de consumo gira em torno de 154 litros por habitante. Mas mesmo entre diferentes estados existem diferenças consideráveis. Moradores do Rio de Janeiro (com média de 189 litros) gastam praticamente o dobro dos habitantes de Alagoas (com consumo per capita de 86 litros).

Como ter políticas de economia e sustentabilidade eficientes?

Em resumo, a escassez de água é causada por uma combinação de fatores que envolvem o aumento da demanda, alterações ambientais (muitas vezes causadas ou agravadas pela ação humana) e falta de investimento de infraestrutura para captação, tratamento e distribuição de água de qualidade aos consumidores.

Com isso em mente, as medidas adotadas para lidar com essa questão devem focar tanto em gerir a demanda quanto a oferta do recurso, para que todos possam ter acesso à água em quantidade e qualidade suficientes para satisfazer suas necessidades diárias.

Do lado da demanda, é fundamental reforçar entre todos os consumidores medidas que incentivem o consumo consciente. Mesmo hábitos simples, como fechar a torneira ao escovar os dentes, tomar banhos rápidos ou só utilizar a máquina de lavar com roupas em capacidade máxima auxiliam na economia de água e na redução dos gastos. Verificar vazamentos em encanamentos e torneiras também é essencial, já que muita água pode se perder dessa forma.

Dentro de casa, o consumidor também pode recorrer ao reaproveitamento de água para reduzir seu consumo, como a água gerada pela lavagem de roupas ou durante os banhos. Se captadas, elas podem ser empregadas para a limpeza de quintais e calçadas, entre outras finalidades que não exigem o uso de água potável.

Do outro lado, investimentos podem contribuir para a busca de fontes alternativas de água. Isso envolve, por exemplo, a ampliação da adoção de técnicas de dessalinização de água do mar, ainda bastante restritas em razão de custos operacionais. Com restrições um pouco maiores, a água de reúso, gerada a partir de um tratamento avançado da água descartada de outros processos, também é uma boa opção.

Além disso, investimentos na própria operação do serviço de abastecimento também contribuem para melhorar a disponibilidade do bem, como esforços para minimizar as perdas de água, substituição de tubulações antigas por novas mais modernas e resistentes, e eliminar as ligações clandestinas.

Em uma perspectiva mais ampla, é preciso agir também para que as mudanças climáticas sejam mitigadas e o seu impacto no regime de chuvas e na oferta de água seja o menor possível. Para isso, o planeta precisa de um esforço de cooperação de todos os países para reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa.

Esses gases são gerados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis, muito utilizados para movimentar veículos à combustão e gerar energia. Ou seja, mitigar o aquecimento global passar por reduzir nossa dependência dessas fontes e escolher fontes de energia com menor impacto ambiental.

A crescente demanda de água e uma possível escassez desse recurso essencial podem gerar grandes problemas para o planeta e seu habitantes. Por isso, desde já, é importante investir não só em alternativas para garantir esse abastecimento de forma segura, como também em práticas sustentáveis que garantam o equilíbrio ambiental.

Agora que você já sabe tudo sobre a demanda de água, quer saber por que ela é primordial para um desenvolvimento sustentável? Confira este outro artigo do nosso blog.