Você já ouviu falar em biopirataria? Esse termo pode soar complexo, mas nosso objetivo é desvendar suas camadas e trazer à luz como ele afeta o Brasil. Essa prática envolve a exploração ilegal de recursos biológicos, como animais, sementes e plantas, e conhecimentos tradicionais de uma região, frequentemente ocorrendo sem a devida autorização ou compensação.
Vamos explorar esse conceito, compartilhando exemplos para que possamos entender de forma mais clara como essa prática ocorre e os danos que ela provoca ao nosso país. Acompanhe o artigo a seguir e descubra!
O intrincado jogo da biopirataria no Brasil
As raízes da biopirataria no Brasil remontam ao período do Descobrimento, quando os recursos encontrados aqui eram retirados e transportados para outros continentes. O caso mais notório é o do pau-brasil, cuja exploração durante o período colonial resultou na devastação de um dos maiores biomas brasileiros, a Mata Atlântica.
Atualmente, o foco da biopirataria está na Floresta Amazônica, nosso tesouro verde mais precioso. Dentre os exemplos mais recorrentes, destaca-se o tráfico e o comércio ilegal de animais, que é um problema de longa data e que persiste em alta. Como resultado disso, temos maus-tratos aos animais, ameaça de extinção de espécies e danos à biodiversidade. O comércio ilícito de plantas segue uma dinâmica similar.
Além disso, há casos que envolvem também empresas internacionais explorando os recursos amazônicos sem respeitar a biodiversidade e o conhecimento ancestral das comunidades locais. Um exemplo notável de biopirataria, considerado pioneiro no cenário contemporâneo, é o caso do cupuaçu, uma fruta amazônica.
O registro de “cupuaçu” como marca por uma empresa nipônica impedia legalmente a comercialização de qualquer produto com o nome cupuaçu em território japonês, europeu e norte-americano. A empresa também protocolou pedidos de patente relacionados à fabricação do cupulate (chocolate de cupuaçu) e ao processo de extração do óleo contido nas sementes do fruto. Dessa forma, caso alguém planejasse exportar o cupulate, seria necessário pagar à empresa uma taxa de royalties por lote do produto.
A quebra da patente japonesa em 2004 marcou o sucesso da campanha “O cupuaçu é nosso!”, que mobilizou ONGs, escritórios de advocacia e a sociedade brasileira em uma luta por reconhecimento e justa compensação.
São muitas as maravilhas de nossa biodiversidade que também foram alvo da biopirataria. A seringueira, o cacau e até a rã da Amazônia foram explorados sem restrições e sem retorno adequado ao Brasil. Além de produtos, o conhecimento indígena sobre venenos e princípios ativos da fauna e da flora gerou patentes para a indústria farmacêutica e, até hoje, nenhum retorno ou compensação para os povos originários. São situações em que nossos recursos foram levados ou apropriados, sem que houvessem benefícios para o país, restando apenas as consequências negativas da exploração dos recursos.
As consequências e medidas de combate
As consequências da biopirataria são profundas. Além da perda de recursos naturais e conhecimentos tradicionais, extinção de espécies e prejuízos financeiros, há um impacto direto nas comunidades locais e no equilíbrio ecológico que afetam a sociedade como um todo. Entretanto, existe esperança: tratados como a Convenção da Diversidade Biológica (CDB) estão empenhadas em combater essa prática.
Além de esforços na esfera do poder público, à medida que olhamos para o futuro, é imperativo considerar a conexão entre ações individuais e impacto coletivo. O engajamento ativo da sociedade civil, a conscientização e a educação são elementos cruciais para alcançarmos um ambiente mais sustentável e equitativo.
Nesse caminho, podemos fortalecer as medidas de combate à biopirataria e, ao mesmo tempo, estimular uma mudança cultural que valorize e proteja nossos recursos. Portanto, é crucial estabelecer uma conexão entre esses eventos e nossa vida cotidiana. A biopirataria não é um conceito distante; ela afeta a qualidade do ar que respiramos, a água que bebemos e o equilíbrio ambiental do país em que vivemos.
Mais sobre a Convenção da Diversidade Biológica (CDB)
A CDB é um tratado internacional da Organização das Nações Unidas (ONU), assinado durante a ECO-92, também chamada de Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CNUMAD). Esse encontro aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em junho de 1992 e, hoje em dia, tem um papel de destaque como espaço de discussão global acerca de temas associados a essa área.
Uma das estratégias-chave da CDB é incentivar a cooperação internacional para combater a biopirataria. Os países signatários comprometem-se a criar leis e regulamentações que proíbam a exploração não autorizada de recursos biológicos e a assegurar que a exploração legítima seja realizada de forma justa e equitativa.
Além disso, a convenção promove a transferência de tecnologia e conhecimento entre nações, fortalecendo a capacidade dos países em desenvolvimento de lidar com esse desafio. É evidente que a biopirataria é mais do que um conceito distante. Ela está entrelaçada com nossa realidade e tem impactos profundos no meio ambiente, em nossas comunidades e até mesmo em nosso próprio futuro.
As medidas de combate locais e os esforços globais contra a biopirataria são fundamentais, mas também devemos olhar para nosso papel individual. Cada ação consciente em direção à preservação ambiental, desde escolher produtos sustentáveis até apoiar comunidades locais, contribui para a construção de um futuro mais equilibrado e com os recursos sendo explorados de forma consciente e justa para todas as nações.
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