Colocar cloro na água é uma medida antiga praticada pela população. Esse processo, hoje em dia, é uma das etapas feitas nas estações de tratamento de água (ETA), com o objetivo principal de desinfecção, isto é, garantir que a água consumida esteja livre de micro-organismos patógenos. Existem vários agentes desinfetantes, mas, em geral, o cloro é o principal produto utilizado para a desinfecção de águas de abastecimento.

Esse processo é importante para garantir que a água que chega à sua torneira seja potável, evitando, assim, a contaminação e a proliferação de doenças. Embora seja um tratamento muito popular, ainda há dúvidas sobre a segurança dessa prática.

Será que é seguro adicionar cloro na água? Quais são as consequências do seu consumo? Você encontra as respostas dessas e de outras perguntas abaixo. Continue lendo e confira!

Por que é preciso adicionar cloro na água?

O cloro é uma substância utilizada para oxidar a matéria orgânica proveniente dos mananciais e que possam aparecer na rede de distribuição. Isso significa que ele elimina ou impede que bactérias, vírus e protozoários causadores de doenças surjam e se multipliquem no percurso da estação de tratamento até as residências.

A cloração pode acontecer em diferentes etapas: no inicio do tratamento para fins de oxidação da matéria orgânica, eliminando cor, turbidez e outros compostos, juntamente com a desinfecção por meio do tempo de contato ao longo de todo o processo. Nesse caso, ao chegar ao fim do processo, a concentração já está reduzida.

Ela também pode ocorrer na última etapa do tratamento antes da água sair da ETA. A quantidade de cloro adicionada na saída também assegura que a água chegue à sua casa desinfetada, mesmo passando pelas tubulações. Ainda, há um ponto de dosagem que é denominado de pós-cloração, para garantir a desinfecção dos reservatórios atá a casa das pessoas.

Aqui, é interessante destacar que o cloro adicionado à água é, na verdade, uma solução de hipoclorito de sódio, conhecida como “cloro líquido”. O objetivo da adição de hipoclorito é manter a água limpa e desinfetada.

Quais níveis de cloro são aceitáveis para consumo?

Os níveis de cloro permitidos são definidos pela Portaria da Consolidação nº 5/2017 do Ministério da Saúde. Ela recomenda que a água fornecida contenha um teor mínimo de 0,5 miligramas por litro (mg/L) e máximo de 2 mg/L de cloro residual livre.

Além disso, ela estabelece que em qualquer ponto da rede de distribuição a concentração de cloro residual mínima seja igual a 0,2 mg/L. Esses níveis adotados pelo Ministério da Saúde têm o objetivo de garantir que a população não estará exposta a riscos.

O valor máximo recomendado de 2 mg/L se dá pelo fato de que, em níveis acima desse, o consumidor passa a perceber sensorialmente o cloro, seja pelo gosto, seja pelo cheiro. É importante destacar que o cloro não altera a cor da água, mesmo quando em concentrações muito maiores do que essa.

O monitoramento constante dos parâmetros físicos e químicos do processo de tratamento e no sistema de distribuição é essencial para evitar qualquer dano à saúde. Entre outras medidas, é feito o controle diário microbiológico no sistema de abastecimento.

Como garantir que a água está apropriada para consumo?

A água deve ser constantemente monitorada com parâmetros e frequências estabelecidos na Portaria da Consolidação nº 5/2017 do Ministério da Saúde, para garantir as características próprias ao consumo. O monitoramento é feito desde a captação de água no manancial, passa pelas etapas do tratamento e segue até os pontos de consumo.

Alguns parâmetros, que são indicadores de riscos à qualidade da água, são monitorados com uma maior frequência. São estes:

  • pH;
  • cor;
  • cloro;
  • turbidez;
  • flúor;
  • coliformes totais e fecais;
  • bactérias heterotróficas;
  • odor e gosto.

Além da quantidade mínima de amostras e parâmetros previstas pela Portaria de Consolidação nº 5/2017, são realizadas análises extras por cautela e para garantir a segurança na qualidade da água distribuída. Um sistema de gestão da qualidade laboratorial também garante a confiabilidade dos resultados das análises.

Quais são os perigos do cloro para saúde?

O cloro é um ótimo agente para desinfecção, mas, como muitas substâncias químicas, pode apresentar riscos. Dentro da faixa determinada por lei, o cloro não apresenta um efeito tóxico. Porém, em altas concentrações, o contato com a substância pode provocar irritação e coceira na pele e nas mucosas.

Quais são os benefícios da água clorada para saúde?

O saneamento básico é muito importante para a manutenção da qualidade de vida da população. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que para cada dólar investido em saneamento, há uma economia de 4,3 dólares em gastos com saúde.

Segundo o Instituto Trata Brasil, 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada. Essas pessoas estão sujeitas a doenças sérias, como viroses, hepatite A, giardíase, disenteria bacilar, febre tifoide, cólera, diarreia, esquistossomose, verminoses e leptospirose.

Nesse sentido, é importante destacar que a diminuição da incidência de doenças de veiculação hídrica, ou seja, transmitidas pela água, somente foi alcançada após a difusão do uso da técnica de cloração. Além disso, o acesso à água potável impacta diretamente nos índices de mortalidade infantil, visto que a diarreia é a terceira principal causa de morte de crianças de até cinco anos no mundo.

Existem riscos ao beber água da torneira?

Muitas pessoas ainda têm receio, mas não há nenhum risco em consumir água diretamente da torneira se for feito um bom monitoramento da rede de distribuição e a manutenção da limpeza da caixa d’água. Como já mencionado, para o cumprimento da Portaria nº 5/2017 é necessário realizar continuamente testes para verificar a qualidade da água.

A frequência dos testes de qualidade da água depende da densidade populacional, e os resultados são divulgados mensalmente. Além disso, há o monitoramento e o controle da água que sai das ETAs a cada uma hora.

Apesar de seguro, os consumidores devem ter alguns cuidados ao beber água da torneira:

  • verificar se a torneira e o entorno se encontram em condições de higiene;
  • limpar a caixa d’água a cada seis meses. Essa limpeza consiste na remoção das substâncias e de outros resíduos presentes no reservatório, juntamente com a desinfecção, que consiste na eliminação de micro-organismos patogênicos por meio de agentes químicos. É importante que os reservatórios permaneçam devidamente vedados e protegidos;
  • optar por adquirir reservatórios de polietileno, que oferecem leveza, proteção contra raios ultravioletas e maior resistência ao manuseio e transporte;
  • realizar manutenção preventiva das instalações hidráulicas residenciais, evitando vazamentos internos capazes de afetar a qualidade da água.

Viu como a adição de cloro na água é importante para a nossa saúde? Lembre-se de que a água é uma das substâncias mais importantes para o nosso organismo e, portanto, deve ter qualidade assegurada.

Como falamos no início, o processo de desinfecção com cloro é uma das etapas do tratamento de água. Quer saber quais são as outras? Confira o nosso post sobre o assunto!

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Este post foi redigido com base na entrevista realizada com Nayara Cardoso Ropele, Encarregada de Controle de Qualidade da BRK Ambiental.