A saúde pública no Brasil alcançou resultados bastante positivos desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda enfrenta inúmeras dificuldades que comprometem a qualidade do atendimento à população. Além disso, em um país de dimensões continentais, o acesso a saneamento básico e saúde pública, assim como a outros serviços essenciais, é bastante desigual.
Nesse contexto, a universalização do saneamento básico no Brasil ainda é um grande desafio, com impactos significativos na área da saúde. Por meio do acesso aos serviços de saneamento, como abastecimento com água tratada e coleta e tratamento de esgoto, é possível reduzir as internações por doenças de veiculação hídrica e proporcionar um ambiente mais saudável para as pessoas.
Para que você saiba mais sobre o assunto, selecionamos informações importantes sobre saneamento básico e saúde pública, destacando os impactos resultantes dessa correlação. Continue a leitura e confira!
Qual é a relação entre saneamento básico e saúde pública?
O saneamento básico consiste em um conjunto de serviços que tem como objetivo preservar ou melhorar as condições de vida das pessoas e do meio ambiente. Ele previne doenças e promove a saúde, melhora a qualidade de vida da população e até a produtividade dos indivíduos, impactando positivamente a educação e as atividades econômicas.
No Brasil, os serviços de saneamento ainda não chegam para todos. A ausência do acesso à água tratada e à coleta e ao tratamento de esgoto acentua a propagação de doenças que seriam mais facilmente controláveis em regiões saneadas.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 10% das doenças registradas mundialmente poderiam ser evitadas com investimentos para a ampliação do acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico. A dengue, por exemplo, é um doença que é altamente favorecida pela falta de saneamento.
Especialmente por seu impacto na saúde, esses serviços levam à melhoria na qualidade de vida da população, reduzindo, sobretudo, as taxas de internação e os custos com saúde pública no país.
Quais são os dados sobre saneamento e saúde pública?
Segundo informações da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), cerca de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta e tratamento de esgoto, e 35 milhões não recebem água tratada nas suas casas.
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que os municípios com baixo investimento em saneamento básico têm altos índices de doenças que estão relacionadas à deficiência no serviço de água e esgoto. Isso é muito preocupante, especialmente, quando o país tem estados como Pará e Rondônia, onde menos de 10% da população têm acesso à rede de esgoto.
Atualmente, morrem no Brasil 15 mil pessoas por ano em decorrência de doenças relacionadas à falta de saneamento, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, segundo o órgão, cada R$1,00 investido em saneamento gera economia de R$4,00 na saúde.
Dados do DataSUS apontam que, em 2018 foram registradas mais de 230 mil internações por doença de veiculação hídrica que resultaram em 2.180 óbitos. O custo das internações por esse tipo de doença ficou em R$90 milhões naquele ano. Se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto, haveria uma redução, em termos absolutos, de 74,6 mil internações —56% dessa redução ocorreria no Nordeste.
O Instituto Trata Brasil afirma que, em 20 anos (2015 a 2035), considerando o avanço gradativo do saneamento, o valor presente da economia com saúde — seja pelos afastamentos do trabalho, seja pelas despesas com internação no SUS — deve alcançar R$7,239 bilhões no país.
Ainda segundo a instituição, em 2015, o custo com horas não trabalhadas alcançou R$872 milhões. Para 2035, espera-se um custo com horas não trabalhadas de R$730 milhões. Isso equivale a uma economia de R$142 milhões no ano de 2035 em relação ao estimado em 2015.
De acordo com o mesmo Instituto, apenas com essas doenças, o Brasil gastou mais de R$1 bilhão com internações entre 2010 e 2017, uma média anual de R$140 milhões.
Que impactos a ausência de saneamento causa na saúde pública?
De modo geral, a ausência de saneamento básico gera impactos em diversos indicadores socioeconômicos, como renda, saúde pública, educação, emprego, oferta de serviços públicos, planejamento urbano, entre outros.
No caso da saúde pública, essa relação existe porque a falta de infraestrutura sanitária aumenta a proliferação de pragas e micro-organismos que manifestam doenças como as verminoses e também o contato da população com esses ambientes insalubres. Afinal, ainda hoje há brasileiros que vivem com esgoto correndo a céu aberto na porta de suas casas.
Desse modo, naturalmente os altos índices demonstrados anteriormente afetam, sobretudo, as minorias, moradores de áreas com ausência de saneamento básico . Doenças como diarreias, verminoses, hepatite A, leptospirose, esquistossomose e dengue se tornam mais comuns nesses locais.
A exposição a um ambiente poluído afeta seriamente o desenvolvimento das crianças. Situações como diarreias constantes, desidratações e infecções intestinais decorrentes do consumo de água sem tratamento adequado podem comprometer o estado nutricional e o crescimento da criança.
Vale destacar que, ao adoecer, as pessoas costumam se afastar das suas atividades diárias. Os estudantes, por exemplo, apresentam baixo rendimento escolar em razão das faltas, o que interfere posteriormente na empregabilidade. Os impactos do saneamento na saúde da mulher e como isso se reflete nas famílias brasileiras também fica mais evidente.
Além da questão da saúde pública ligada à proliferação de doenças, os riscos de poluição e contaminação de rios, lagos e mananciais são crescentes, e os reflexos ambientais vão muito além do ecossistema local.
Os índices abordados acentuam a desigualdade da população brasileira, submetendo uma camada expressiva de pessoas em situação de pobreza do país a viver sob condições pouco salubres.
Como melhorar os números da saúde pública?
Embora o acesso ao saneamento tenha evoluído nos últimos anos, ainda existem algumas barreiras a serem enfrentadas. Para que a universalização do abastecimento de água e dos serviços de esgotamento sanitário chegue para todo o território nacional, é necessário um investimento na ordem de R$22 bilhões por ano.
Desse modo, o poder público e a iniciativa privada precisam unir esforços para atuar efetivamente na solução do problema. Embora atualmente as empresas privadas representem apenas cerca de 6% do mercado, elas são responsáveis por 20% de todos os investimentos realizados no setor e têm potencial para contribuir ainda mais. A BRK Ambiental é um exemplo de empresa privada de saneamento básico, que investe em mais de 100 municípios do país.
É evidente que o acesso ao saneamento impacta diretamente na saúde da população. Uma menor incidência das doenças proporciona um menor índice de internações e um menor custo para os cofres públicos..
Agora que você já sabe mais sobre a relação entre saneamento básico e saúde pública, que tal conhecer como o saneamento transformou a história da cidade de Cachoeiro do Itapemirim?
BRK
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4 Comments
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Gostaria de dar crédito à página, assim sendo em que ano foi publicada essa informação por favor
Oi, Valdeth! Foi publicado em 1º de fevereiro de 2021.
Desejaria saber o estado atual do Saneamento Básico no Estado da Paraíba , onde fui Secretário de Saúde no período de 1989 a 1992 , em João Pessoa , capital de meu estado . Recordo- me que participei de uma mesa redonda na capital potiguar , onde na época a situação de Natal era pior em números , que nossa João Pessoa.
Olá! Você pode acompanhar a situação das principais cidades brasileiras pelo ranking do Instituto Trata Brasil: https://tratabrasil.org.br/ranking-do-saneamento-2023/