Universalizar a coleta e o tratamento de esgoto é um desafio para o Brasil. O percentual de esgotos que passam pelas etapas do tratamento vem crescendo no país a passos lentos, e o serviço ainda não chega para quase metade da população, de acordo com o último levantamento do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Tratar o esgoto doméstico é importante porque tem impactos diretos na saúde das famílias e do planeta. Toda a água que é usada no dia a dia da casa, em torneiras e vasos sanitários, deve passar pelas etapas de tratamento de esgoto antes de retornar à natureza.

Quando o imóvel não está conectado à rede pública que o encaminha para uma estação de tratamento, os líquidos acabam sendo despejados diretamente em rios, lagos e oceanos e, assim, poluem fontes de captação de água e ainda contribuem para a propagação de doenças entre a população. Já o esgoto tratado passa por diversos procedimentos determinados pela legislação ambiental para assegurar que o seu descarte não prejudique o meio ambiente.

As Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) são os espaços projetados para realizar as diferentes etapas desse tratamento, que podem variar de acordo com as características e necessidades de cada município. Listaremos abaixo as etapas mais comuns do processo de tratamento de esgoto. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

Etapas do tratamento de esgoto

A coleta e o tratamento de esgoto fazem parte dos serviços de saneamento. A finalidade da coleta é levar o esgoto para longe das residências. enquanto a do tratamento é diminuir a carga poluidora para que ele retorne à natureza sem causar prejuízos ao meio ambiente.

Desse modo, ao chegar na estação de tratamento de esgoto, os efluentes domésticos, comerciais e industriais passam por diversos processos que reduzem a alta concentração de compostos orgânicos e outros nutrientes e elementos que os tornam prejudiciais ao meio ambiente.

Confira, a seguir, as principais etapas do processo de tratamento de esgoto.

1. Gradeamento

A água residual que vem das residências deve conter cerca de 1% de sólidos e 99% de material líquido. Em razão disso, a primeira etapa do procedimento é a retenção de materiais mais grosseiros, como o lixo, em um filtro formado por grades. Essa primeira filtragem ajuda a deixar o líquido livre dos resíduos sólidos que foram descartados incorretamente na rede de esgoto.

2. Desarenação

Em seguida, o esgoto segue para a caixa de areia, onde é realizada a remoção de todos os detritos sólidos presentes nele e que possam ter escapado ao processo anterior, mediante sedimentação. A areia, os pedriscos, os cascalhos e outros elementos vão para o fundo do tanque e o líquido que permanece na superfície é encaminhado para a próxima etapa.

3. Tratamento biológico

Já sem sólidos visíveis, o esgoto é enviado para o tratamento biológico no tanque de aeração. Lá, ele é exposto à ação de seres microscópicos, que promovem reações bioquímicas e condensam em flocos de lodo a matéria orgânica que até então estava dissolvida no efluente. É o caso do rotífero, micrometazoários que se alimentam de bactérias e partículas minúsculas de sólidos, e também do tardígrado, considerado o animal mais resistente do mundo, cuja presença ajuda a sinalizar a qualidade da limpeza realizada no esgoto.

4. Decantação

Depois do tratamento biológico, o líquido é submetido a um processo de decantação. O lodo formado vai para o fundo do tanque, separando-se da parte líquida, que já está livre de impurezas. Essa matéria acaba se tornando um subproduto do chamado biosólido, que pode ser usado na agricultura.

5. Descarte

O lodo produzido no processo é desidratado e levado para um aterro sanitário especializado. O esgoto clarificado e corretamente tratado é devolvido para o meio ambiente. Em alguns casos, o efluente podem passar por tratamentos avançados específicos e serem transformados em água de reúso, uma solução sustentável que contribui para a preservação da água potável do planeta.

estação de tratamento de esgoto

O destino do lodo

O destino do lodo gerado nas estações de tratamento de esgoto no Brasil costuma ser o aterro sanitário. No entanto, diretrizes e metas estipuladas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos incentivam as companhias a buscarem alternativas menos prejudiciais ao meio ambiente, de forma a reaproveitar esse resíduo antes da destinação final.

Esse é um verdadeiro desafio para o setor do saneamento de diversos países, tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico, já que o processo é complexo e tem alto custo.

O lodo é composto essencialmente por uma combinação de substâncias, dentre elas minerais e matéria orgânica decomposta. Para tratar esse resíduo do tratamento de esgoto, é preciso considerar fatores como tecnologia a ser empregada, disposição final que será dada ao resíduo e espaço físico disponível.

É importante destacar aqui que todos os sistemas de tratamento de esgotos geram algum tipo de resíduo, e a disposição final dele vai depender de suas características. No caso dos lodos, os tipos de tratamento estão divididos em adensamento, estabilização, desaguamento, secagem térmica e incineração.

Mesmo com tantos desafios, algumas soluções de emprego desse resíduo têm surgido. O setor da agricultura têm utilizado o lodo para a produção de fertilizantes orgânicos, em função de sua composição repleta de macro e micronutrientes. Dentre as vantagens do emprego do lodo na agricultura, estão o aumento da densidade, da porosidade e da capacidade de retenção de água pelo solo, algo fundamental para evitar erosões e assoreamentos. Também é possível empregar o lodo como fonte de energia sustentável, em virtude do alto teor de fósforo em sua composição.

Agora que você já sabe mais sobre as etapas do tratamento de esgoto, faça a sua parte para garantir a qualidade do serviço. Fazer o descarte correto de alimentos é uma atitude simples que já ajuda a prevenir entupimentos no sistema de esgotamento sanitário da sua cidade.

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