Um dos principais desafios ambientais da atualidade é, sem dúvida, a grande quantidade de resíduos gerados pela população. Em paralelo a isso, existe um problema grave, que é a falta de reciclagem ou reaproveitamento dos produtos descartados. Dados divulgados pela Abrelpe, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, demonstram que a quantidade de lixo produzido no Brasil bate recordes anuais sucessivamente.

Para se ter uma ideia, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil de 2018/2019, documento divulgado pela Abrelpe, a geração total de resíduos sólidos urbanos, no Brasil, foi de 79 milhões de toneladas. O aumento é de pouco menos de 1% em relação ao ano anterior, totalizando cerca de 540 mil toneladas por dia.

Nesse contexto, é fundamental explorar medidas que auxiliem a melhora do quadro ambiental brasileiro, como a reciclagem. Afinal, grande parte do lixo produzido é descartado incorretamente, causando impactos negativos à sociedade.

Pensando nisso, apresentaremos, neste artigo, o que é a reciclagem, qual a sua origem e importância, como é o panorama da reciclagem no Brasil e como reciclar os principais produtos descartados, bem como outras informações relevantes. Continue a leitura e confira!

O que é reciclagem?

Reciclagem é o termo utilizado para o ato de reaproveitamento de materiais para a confecção de um novo produto, seja ele com a mesma função ou com uma finalidade diferente do original. O conceito de reciclar serve para itens feitos de elementos que podem retornar ao seu estado original, ou seja, serem transformados novamente em matéria-prima para o desenvolvimento de novos itens.

Para tanto, o resíduo que seria descartado é transformado, por meio de mudanças em seu estado físico, físico-químico ou biológico, para que se torne novamente matéria-prima de um novo produto. Desse modo, podemos dizer que reciclar é diferente de reutilizar. Isso porque a reutilização consiste no emprego de determinado produto para outros fins, sem que ele passe por processos que modifiquem sua estrutura básica.

Exemplo prático

O reaproveitamento do papel é um bom exemplo desse conceito. Afinal, o papel popularmente chamado de reciclado não se assemelha com uma folha sulfite branca, o produto que foi manuseado pela primeira vez, não é mesmo? O novo papel tem outra cor (bege ou amarronzado, em vez de branco), uma textura mais grossa e a sua gramatura também é diferente.

Isso acontece porque não é possível retornar o papel ao seu estado original em todas as suas características. Nesse caso, o papel que foi descartado é transformado em uma massa e, ao final do processo, é criado um produto diferente. No entanto, mesmo tendo passado por essa transformação estrutural, a função desse novo produto é a mesma.

Já o uso do verso de papeis utilizados em impressões como rascunho, ou para atividades recreativas com crianças, como trabalhos artísticos, dobraduras, etc., é um exemplo de reutilização. Afinal, o material continua com as mesmas características originais, mas está sendo empregado em novos usos — e nesse caso, ainda contribui para a educação ambiental dos pequenos.

Muitos materiais podem ser reciclados no dia a dia. Os principais exemplos são os produtos plásticos, os de alumínio e os feitos de metais ferrosos, além do papel, do papelão e dos vidros.

No entanto, existem itens que não são recicláveis, e o seu destino deve ser diferente. Eles podem ser levados a pontos de coleta específicos ou ao lixo comum (para o caso dos materiais que não tenham elementos tóxicos ou contaminantes na sua composição). Entre eles, podemos citar:

  • cerâmicas;
  • acrílicos;
  • vidros do tipo pirex e similares;
  • espelhos;
  • pilhas e baterias em geral;
  • fitas e etiquetas adesivas;
  • fotografias;
  • papéis molhados ou sujos de gordura;
  • papéis plastificados, parafinados ou metalizados;
  • lâmpadas fluorescentes.

Qual é a origem da reciclagem?

Desde que a humanidade surgiu, o lixo passou a ser produzido. Sabe-se, com base em estudos arqueológicos, que os povos pré-históricos já queimavam lixo e depositavam ossos e cinzas em locais pré-determinados, por exemplo.

No entanto, à medida que a civilização foi se desenvolvendo, a quantidade de resíduos produzidos também aumentou. Afinal, há algumas gerações, a indústria dava os seus primeiros passos e, nos primórdios, não eram fabricados tantos produtos industrializados e com embalagens, como acontece hoje.

É interessante salientar que os sistemas de esgoto — medida sanitária importante para a saúde pública — já são descritos em civilizações antigas, como os hindus, segundo estudo da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Já os israelitas tinham normas rígidas sobre como descartar os excrementos, os restos de animais e de outros alimentos, assim como os demais rejeitos produzidos nas comunidades.

Na Idade Média, algumas cidades na Itália também tinham regras que proibiam o descarte de lixo e fezes na rua, e outras que explicitavam onde deveria ser feita a destinação de carcaças de animais e outros resíduos. Foi nessa época que surgiram as primeiras evidências da coleta de lixo, que era inicialmente feita de forma particular. Depois disso, o serviço público assumiu a tarefa, designando carrascos para recolher os detritos da população.

Avanços ao longo da História

Avançando um pouco na história, em 1940, a humanidade vivenciou um dos piores conflitos da era contemporânea: a Segunda Guerra Mundial. Os governantes de países envolvidos na guerra, inclusive o Brasil, criaram campanhas para incentivar os cidadãos a doar para o exército todos os materiais que poderiam ser reutilizados, como alumínio, pneus, jornais, panelas e outros itens.

Durante essa época, foi feito um grande estímulo a favor da reutilização, o que era bastante comum na cultura do século 20. Isso porque o consumo em massa que vemos atualmente ainda estava apenas começando, e os bens que podem ser adquiridos com facilidade ainda eram raros.

De fato, antigamente, também se jogava pouca coisa fora. As pessoas compravam insumos alimentícios a granel, o que demandava menos embalagem e a possibilidade de adquirir apenas o que seria consumido. Já os restos das refeições eram reaproveitados e brinquedos eram fabricados com diversos materiais, como sobras de madeira e de pano. Além disso, investir no conserto de objetos era vantajoso, já que eles eram projetados para durar a vida inteira.

Desenvolvimento econômico e mudanças

No pós-guerra, todo esse cenário foi modificado, devido ao desenvolvimento econômico e ao surgimento de novas tecnologias. Na década de 1950, o PIB de vários países cresceu, assim como a produção de bens de consumo, veículos, eletrodomésticos, construções e outros produtos. Dessa forma, a população tinha acesso a materiais cada vez mais diversificados — e mais lixo era produzido.

Isso porque, para a maioria da população, não fazia sentido reutilizar, se a maior parte dos produtos poderia ser facilmente reposta com preços acessíveis. Dessa forma, quando não eram mais necessários, vários itens eram simplesmente descartados e substituídos. Guardar artigos “antigos” ou reutilizá-los tornou-se um hábito antiquado.

Essa nova cultura de bens descartáveis criou inúmeros problemas para o meio ambiente, o que ficou evidente na década de 1970. Afinal, a questão do lixo mudara drasticamente, visto que não girava em torno apenas do descarte de materiais orgânicos.

Os resíduos passaram a ter características diversas: podiam ser eletrônicos, industriais, radioativos, químicos e outros — o que tornou a questão do descarte adequado desafiadora. Além disso, o tempo de degradação desses produtos era totalmente diferente dos orgânicos — alguns até com um período incalculável ou mesmo não se decompondo, como os metais pesados utilizados em computadores e baterias de carros.

Diante disso, o movimento ambientalista ganhou força e surgiu a necessidade de pensar em alternativas para o descarte do lixo, diferentes de, simplesmente, estocá-lo em lixões e aterros sanitários ou descartá-lo sem qualquer cuidado com o ambiente e as cidades. Assim, a ideia de reciclar materiais nasceu como uma medida sensata e inovadora.

Qual é a importância da reciclagem?

Como visto, a reciclagem surgiu como uma forma de diminuir a quantidade de lixo gerada pela sociedade e uma medida para conter os impactos do consumo excessivo, apresentando diversos benefícios ao meio ambiente e à sociedade. Confira os principais, abaixo.

Redução da poluição e de uso dos recursos naturais

Devido à reciclagem, uma menor quantidade de resíduos será destinada aos aterros e lixões. Sendo assim, eles terão sua vida útil aumentada, o que é muito importante. Afinal, mesmo que ocorra a reciclagem, a população ainda produz enormes quantidades de lixo que não pode ser reaproveitado e precisa de descarte correto.

Outra vantagem é que, com aterros sanitários disponíveis, os resíduos serão descartados corretamente e, assim, não haverá contaminação do solo e das águas. Além disso, as matérias-primas virgens, usadas na fabricação de produtos, serão poupadas. É o caso, por exemplo, da bauxita, mineral usado para a produção do alumínio. As latinhas feitas desse material, como as de cerveja e refrigerante, são alguns dos itens mais reciclados.

Assim, com o reaproveitamento do alumínio, será necessária uma menor extração de bauxita, poupando o material para as próximas gerações. É interessante ressaltar que isso também pode ser feito com outras matérias-primas, como o ferro. Por fim, reciclagem economiza energia elétrica e outros recursos, como a água, visto que é mais barato reciclar do que produzir um novo produto do zero.

Geração de empregos

A reciclagem é uma atividade que, além de entregar muitos benefícios ao meio ambiente, também aquece a economia. Isso porque, para que um produto seja reciclado, é preciso realizar três etapas principais: recuperação, revalorização e transformação.

Cada uma dessas fases demanda pessoas, o que gera inúmeros empregos. Entenda como esses processos funcionam, a seguir.

Recuperação

Embalagens e outros resíduos são descartados em grande escala todos os dias, e precisam de um destino correto. Assim, eles poderão ser tratados como matéria-prima e utilizados na fabricação de novos produtos.

Para tanto, é essencial separar os produtos recicláveis dos rejeitos orgânicos e sanitários. Dessa forma, o que pode ser reciclado não será contaminado, o que facilita todo o processo e ainda gera mais economia.

Nessa primeira etapa, existem pessoas que realizam a coleta e a separação dos materiais que podem ser reciclados, e os destinam para os locais em que ocorre o processo. Trata-se dos catadores de materiais recicláveis, indivíduos que podem atuar em cooperativas ou de maneira autônoma e contribuem para a cadeia da reciclagem no Brasil.

No entanto, o trabalho é bastante árduo, visto que é preciso percorrer as ruas em busca de produtos recicláveis nas lixeiras. Outros, atuam na triagem dentro das empresas que realizam a ciclagem, classificando, processando e comercializando os resíduos.

Apesar de não receberem reconhecimento social efetivo, os trabalhadores que atuam separando os materiais recicláveis prestam um importante serviço para a sociedade. Para ajudá-los, a população pode realizar corretamente a coleta seletiva. Afinal, cada tipo de produto tem um processo específico de reciclagem.

Se vários materiais sólidos são misturados, seu reaproveitamento se torna mais caro ou, até mesmo, inviável, visto que há dificuldade de separá-los. Destinando o lixo corretamente para a coleta seletiva, todo o trabalho posterior é facilitado. Após essa triagem, os produtos recicláveis serão prensados e enfardados, a fim de ocupar um espaço menor durante o transporte.

Revalorização

Após os fardos serem transportados, acontecerá um processo para cada tipo de material. Essa é a etapa de revalorização, em que garrafas de plástico são moídas, por exemplo, e voltam a ter o formato de grânulos, como a matéria-prima original que forma o plástico.

Já os papéis serão triturados e misturados com água para formar uma espécie de pasta, que depois se transformará em novos papéis. Os metais e vidros são derretidos e podem ser fundidos novamente, gerando outros produtos.

Ou seja, a revalorização é feita de muitas formas, a depender do produto e da finalidade que se deseja. De qualquer modo, todos esses processos são industriais. Assim, para torná-los viáveis, é necessário empregar mão de obra para manusear as máquinas e os equipamentos.

Transformação

Com as matérias-primas prontas, será possível fabricar novos produtos, fechando o ciclo da reciclagem. Nessa etapa, também será necessário o trabalho de mais profissionais.

Consciência ambiental

A reciclagem ensina que é preciso ter consciência ambiental. Afinal, se todas as pessoas mantiverem os níveis altos de consumo e descartarem seu lixo de forma incorreta, teremos altos índices de poluição e de doenças. Além disso, futuramente, não haverá mais espaço para criar aterros sanitários, devido ao tempo de decomposição desses produtos.

Para ajudar, é fundamental que a população procure consumir de forma consciente, focando no que é essencial e evitando produtos que não podem ser encaminhados para reciclagem, por exemplo. Também é importante valorizar as marcas e empresas que atuam no design for environment, ou seja, que pensam seus produtos e serviços com o propósito de reduzir seus impactos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

Essas são opções que as pessoas podem fazer para minimizar o impacto de seu consumo. Além disso, todos podem separar os resíduos em casa, de forma que eles sejam destinados da maneira correta, por meio da coleta seletiva.

Infelizmente, nem todas as cidades contam com esse serviço. Caso não tenha na região em que você mora, procure saber se existe algum ponto de entrega voluntária para encaminhamento. Normalmente, esses locais são supermercados, uma praça pública ou, até mesmo, uma cooperativa de catadores.

Qual é o panorama da reciclagem no Brasil?

Apesar de muitos locais contarem com serviços de coleta seletiva, existem cidades em que não há esse suporte. No entanto, catadores de itens recicláveis tentam suprir essa demanda, tornando-se peças fundamentais para aumentar a porcentagem dos resíduos que são reciclados no Brasil.

Infelizmente, apenas essas iniciativas não são suficientes para dar um destino correto aos resíduos recicláveis. Na verdade, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê a não-geração de resíduos. No entanto, quando forem inevitáveis, é previsto que haja a disposição final adequada.

Para isso, a PNRS estabelece que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos deve ser compartilhada. De acordo com dados da PNRS, cerca de 30% de todo o lixo colhido no Brasil têm potencial de reciclagem, mas apenas 3% são reaproveitados e transformados novamente em produtos.

Outro exemplo é o plástico, um dos principais componentes do lixo: das 11 milhões de toneladas produzidas por ano, apenas 145 mil (cerca de 1%) são recicladas. Índice que torna o Brasil o 4° maior produtor de lixo plástico e o que menos recicla em todo o mundo.

Essas pesquisas revelam que há um grande desperdício em vários setores. O primeiro deles é o ambiental, visto que mais lixo é destinado aos aterros sanitários, diminuindo a sua vida útil. Além disso, há o ponto de vista econômico e social, uma vez que a reciclagem de materiais pode ser uma fonte de renda para as famílias brasileiras, e gera valor e economia para as empresas.

É preciso ter em mente que muitos materiais podem ser reciclados. Alguns são mais difíceis, do ponto de vista econômico, mas para esses casos, há alternativas, como o coprocessamento, que já existe no Brasil. Nesse caso, é possível aproveitar para a fabricação de cimento materiais que, hoje, ainda costumam ser descartados como rejeito.

Como reciclar os diversos materiais?

A importância da reciclagem já ficou bem clara até aqui, certo? Agora, veja como os diversos materiais podem ser reciclados e reaproveitados.

Papel

Pique bem os papéis que foram descartados, tomando o cuidado de não amassar. Depois, destine os pedaços em um recipiente seco para que possam ser recolhidos e transformados novamente em papel.

O interessante é que o papel pode ser produzido em casa por um processo relativamente simples. Essa é, inclusive, uma ótima forma de conscientizar as crianças sobre a importância da reciclagem, ao fazer o processo com a ajuda delas.

Plástico

Devido à sua maleabilidade, durabilidade e às diferentes formas, o plástico pode ser usado para várias finalidades, como utensílios para casa, brinquedos e outros produtos interessantes. As garrafas PET, por exemplo, podem ser usadas como suporte para vasos de flores e, inclusive, para construir móveis.

Na indústria, esse é um dos materiais mais reaproveitados. Antes de descartá-los separadamente, lembre-se de lavar as embalagens e deixá-las secas.

Metal

Os metais são 100% recicláveis. No entanto, como precisam ser fundidos, o processo é feito, basicamente, por indústrias. Para contribuir ainda mais com o processo de coleta seletiva, coloque os metais em um recipiente separado dos demais resíduos.

Vidro

O vidro é derretido para criar novos produtos. Assim como no caso do metal, a sua reciclagem é, essencialmente, industrial. Para facilitar o processo, é preciso separá-lo dos demais itens reciclados, tomando o cuidado de embalá-lo corretamente para evitar perfurações nas pessoas que podem transportar esses resíduos, como lixeiros, catadores e garis.

Em casa, você também pode aproveitar frascos desse material para colocar flores ou luzes e transformá-los em objetos de decoração, por exemplo.

Lixo eletrônico

A reciclagem de lixo eletrônico ainda é feita em pequena escala, mas é preciso tomar cuidado com ela. Afinal, itens como pilhas, baterias e computadores em desuso não devem ser descartados sem critério. Isso porque, durante a sua decomposição, há formação de substâncias tóxicas que podem causar riscos à saúde e ao meio ambiente.

Para fazer a sua parte, os itens que não têm mais utilidade podem ser entregues em postos de coleta ou nas lojas que comercializam produtos eletrônicos. Nesse caso, os materiais serão devolvidos aos fabricantes, que darão a destinação correta a esse tipo de resíduo.

Pneus

A indústria automobilística é uma das principais geradoras de resíduos sólidos, e os pneus são as partes mais descartadas, devido à troca regular. Esse material pode ser transformado em matéria secundária e retornar ao processo produtivo, gerando benefícios para a economia e para o meio ambiente. Nesse caso, somente profissionais qualificados podem tornar esse processo possível.

Lâmpadas

As lâmpadas fluorescentes são muito econômicas, mas têm gás de mercúrio em sua composição. Dessa forma, a destinação adequada é a ação mais segura para tratar os elementos químicos perigosos que estão presentes nesse produto.

Sendo assim, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, as empresas que fabricam lâmpadas são obrigadas pela lei a implantar o sistema de logística reversa, ou seja, devem receber as lâmpadas que não têm mais uso para a população. Além disso, o fim desse resíduo precisa ser feito de forma ambientalmente correta.

Como fazer a coleta seletiva em casa?

Se não houver coleta seletiva na região onde você mora, a sugestão é fazer contato com a cooperativa de catadores mais próxima. Assim, é possível checar se eles se propõem a recolher o lixo reciclável com determinada frequência ou se é viável deixar o material na cooperativa periodicamente. Desse modo, é possível contribuir com uma atitude sustentável para o panorama da reciclagem no Brasil.

Basicamente, os produtos podem ser separados em quatro grandes grupos: vidros, plásticos, metais e papéis.

  • vidros: garrafas de bebidas, frascos de molhos, vidros de remédios, de perfumes e de produtos de limpeza, bem como cacos de copos ou outras louças quebradas;
  • plásticos: garrafas de plástico, escovas de dente, embalagens plásticas (como de produtos de limpeza e de higiene), tampas e sacos de alimentos;
  • metais: latas, tampas de conservas, arames, fios, pregos, tampas de marmitex, alumínio, cobre e outros;
  • papéis: jornais, revistas, impressos em geral, papelão e outros.

Lembre-se de que todos os produtos devem ser limpos e secos. Também é importante não amassar os papéis — para facilitar o armazenamento, é aconselhável picá-los em pedaços menores. No caso dos vidros, envolva-os em jornal ou outro material isolante para proteger os catadores e lixeiros.

Como funcionam os programas municipais de coleta seletiva?

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a implantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios. Eles são responsáveis por criar planos de gestão integrada de resíduos sólidos, com as devidas metas a serem cumpridas.

A realidade é que a maioria das prefeituras ainda não tem recursos técnicos e financeiros para resolver as dificuldades associadas à gestão de resíduos sólidos, incluindo programas de coleta seletiva, que viabilizam a reciclagem no Brasil. De modo geral, para implementar o sistema nas cidades, algumas etapas são necessárias, como:

  • criar um projeto considerando as particularidades locais;
  • investir em campanhas educativas;
  • definir a logística da operação;
  • realizar fiscalizações;
  • manter o controle do programa.

Ao oferecer esse serviço à população, além de seguir a norma vigente, o município otimiza o manejo dos materiais, contribui com o meio ambiente e com a questão socioeconômica. Vale destacar que a ausência de programas de reciclagem no Brasil pode afetar diretamente o orçamento das prefeituras, à medida que aumenta o custo de transporte dos resíduos para os aterros e lixões.

Quais os desafios para o futuro da reciclagem no Brasil?

Os impasses no Brasil para uma taxa mais alta de reciclagem e descarte correto do lixo são muitos e abrangem diferentes questões. A falta de estrutura para realizar a coleta seletiva em larga escala é o principal desafio enfrentado pelos municípios.

Na maioria das vezes, o trabalho de coleta seletiva é realizado por cooperativas de catadores. No entanto, esse grupo não recebe apoio nem investimentos financeiros que permitam o seu desenvolvimento — em termos logísticos e comerciais — e sua regularização.

Essa medida permitiria o reconhecimento e a participação de mais agentes e uma distribuição mais justa dos custos dentro da cadeia produtiva da reciclagem, aumentando a renda dos catadores. A questão da educação ambiental para a separação do lixo também é um obstáculo.

Dados apontam que mais de 50% dos brasileiros não entendem o funcionamento da coleta seletiva e do processo de reciclagem. Um índice altíssimo, considerando o contexto do país. A educação ambiental é responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais e que busquem conservar e preservar os recursos naturais e praticar a sustentabilidade no seu dia a dia.

Ela deve estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e informal. O que isso significa? Que deve estar presente não só nas escolas com materiais educativos, mas também, em ações práticas, em campanhas nacionais ou locais, na mídia e no dia a dia das pessoas, por meio de programas efetivos.

Além disso, as empresas fabricantes também precisam reconhecer o seu papel nesse processo, de que elas devem ser responsáveis pelo produto durante seu ciclo de vida. Isto é, para reduzir a quantidade de lixo gerada e os custos de produção, as empresas deveriam investir em materiais retornáveis — a chamada logística reversa, em que matérias e equipamentos são devolvidos ao fabricante para serem reutilizados.

E então, entendeu como o processo de reciclagem no Brasil é bastante complexo, mas muito necessário? Lembre-se de que, ao fazer a sua parte realizando a coleta seletiva, você contribui com o meio ambiente, resguarda a saúde da população e gera empregos para milhares de pessoas.

Se você gostou deste conteúdo e quer deixar um mundo melhor para as próximas gerações, não deixe de ler nosso artigo sobre como contribuir para um desenvolvimento urbano sustentável!