O rio Pinheiros, com uma extensão de 25 quilômetros, tem sua origem nos rios Guarapiranga e Jurubatuba, atravessando a cidade de São Paulo. Ele é considerado um dos cursos d’água mais importantes do município.

No entanto, entre as décadas de 1950 e 1980, esse rio sofreu com o descarte inadequado de substâncias tóxicas e metais pesados, além do acúmulo de lodo; e até hoje apresenta altos níveis de poluição. Com o intuito de reverter essa situação, no fim de 2019, foi iniciado um importante projeto de revitalização do rio Pinheiros.

Para saber como anda o projeto, quais as suas perspectivas e como cada um de nós, como cidadãos, podemos fazer nossa parte, continue lendo este artigo!

Qual o objetivo do projeto de revitalização do rio Pinheiros?

O objetivo do programa Novo Rio Pinheiros é dar uma nova vida ao rio ao unir forças entre o poder público e a sociedade. Para isso, será necessário reduzir o volume de esgoto lançado sem tratamento no rio para melhorar a qualidade da água e a segurança hídrica. Aumentar a cobertura de tratamento de esgoto nos afluentes, melhorar os índices de correta destinação de resíduos sólidos e o bom funcionamento e uso adequado das redes de drenagem pluvial também serão necessários para atingir o objetivo.

A ideia não é exatamente tornar a água do rio potável, ou mesmo dar condições para banho no curso d’água, afinal, o Pinheiros ainda é um rio urbano. O projeto, na verdade, intenciona revitalizar todo o entorno e é considerado o principal projeto urbanístico dos últimos anos no estado. A meta era a revitalização ser concluída até o final de 2022, mas, apesar de já apresentar melhoras, ainda há muito o que avançar, e os novos prazos já chegam ao final de 2026.

Com a revitalização, o rio Pinheiros passará a contar com águas mais limpas e, com isso, haverá a redução do mau cheiro, valorizando toda a região. Além disso, o entorno do rio está recebendo diversas melhorias, se tornando mais uma opção de área de lazer da cidade, com área verde, cafés, restaurantes e até mirante, elevando a qualidade de vida das pessoas.

Para esse trabalho, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e diversas companhias, como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o Departamento Autônomo de Água e Esgotos (DAEE) e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), estão atuando em conjunto.

A ideia é que a região se torne um Puerto Madero paulistano, em alusão à região portuária de Buenos Aires, na Argentina, cuja revitalização foi iniciada na década de 90 e é considerado um dos projetos do gênero de maior sucesso no mundo.

Esse projeto é possível?

Muitos se perguntam se é realmente possível despoluir o rio Pinheiros, afinal, segundo um estudo da ONG SOS Mata Atlântica, ele é o rio mais poluído dos 120 cursos d’água da mata atlântica. De fato, ainda que muito desafiador, o projeto é possível. O rio está melhorando, demonstrando que as obras já realizadas foram efetivas, mas ele ainda não está limpo.

Inclusive, o termo despoluição não é adequado para se referir ao projeto de revitalização e melhoria da qualidade da água do rio. Isso ocorre porque a meta do Novo Rio Pinheiros é reduzir a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), que é um indicador de qualidade da água do rio, para um número inferior a 30 mg/L. No entanto, o critério da Agência Nacional de Águas (ANA) entende que todo manancial com DBO acima de 10 mg/L é considerado poluído.

Apesar disso, o índice almejado pelo projeto seria suficiente para eliminar o mau cheiro, atrair as pessoas para suas margens e até restabelecer a presença de algumas espécies de peixes e outras espécies de vida aquática mais resistentes à poluição.

Sem dúvidas, para reverter os mais de 100 anos de poluição do rio, serão necessários muito mais do que os quatro anos previstos inicialmente. Na verdade, a despoluição de um rio não é algo que tenha começo, meio e fim, mas sim, deve ser tratada como um processo contínuo, que demanda o comprometimento do poder público ao longo dos anos, afinal, o Novo Rio Pinheiros não pode ser encarado como um projeto de governo, e sim como política pública. Só assim será possível ter sucesso com o projeto de revitalização do rio Pinheiros.

Além disso, um projeto dessa complexidade necessita de grandes investimentos. Em 2019, o governo paulista sinalizou que reservou R$ 1,5 milhão do seu orçamento para direcionar à revitalização do rio. Havia ainda a expectativa de mais R$ 3 bilhões oriundos da iniciativa privada por meio do programa de Parceria Público-Privada (PPP), sem falar nos R$ 70 milhões anteriores já investidos.

Qual o status da revitalização do rio Pinheiros?

Até o momento, mais de 650 mil imóveis foram conectados ao sistema de esgotamento sanitário e agora têm seus efluentes direcionados para uma estação de tratamento de esgoto. A expansão dos serviços de saneamento proporcionada por esse projeto beneficia mais de 3 milhões de pessoas, além de contribuir para a revitalização do rio com o direcionamento do esgoto para o correto tratamento. 

Além disso, foram assinados contratos para o início da implantação das Unidades de Recuperação de Qualidade da Água (URQAs), que realizarão o tratamento dos esgotos diretamente nos córregos. As unidades foram instaladas em locais com núcleos de ocupação irregular, onde não é viável tecnicamente implantar infraestrutura de saneamento. Desse modo, a água proveniente desses núcleos, localizados em 5 sub-bacias, chega despoluída ao rio Pinheiros.

Outro avanço se deu na remoção de sedimentos por meio do processo de desassoreamento. O volume retirado do leito do rio já soma mais de 833 mil m³, o que equivale a mais de 30 mil caminhões basculantes. Para esse trabalho, estão sendo utilizados barcos, redes e boias. Já em relação aos resíduos sólidos, mais de 105 mil toneladas de materiais como pneus, garrafas e embalagens plásticas já haviam sido removidas até junho de 2023.

Como você pode contribuir para a revitalização do rio Pinheiros?

Apesar dos desafios, você também pode fazer sua parte para contribuir nesse projeto. Pequenas ações podem fazer uma grande diferença. Por exemplo, não jogar óleo nos ralos, não descartar resíduos nas ruas e realizar a ligação de esgoto em sua casa quando a rede estiver disponível.

Além disso, o descarte de lixo nas ruas pode chegar ao rio mais rápido do que imaginamos. Quando as chuvas caem, as águas arrastam tudo o que estiver pelo caminho para os bueiros e galerias pluviais, levando toda a sujeira até os rios.

O incorreto descarte de lixo, aliás, é um dos grandes problemas do rio Pinheiros, sendo responsável por quase metade de sua poluição. Por isso, fazer a correta gestão dos resíduos é essencial para que se alcancem bons resultados no longo prazo e manter a limpeza de rios e de toda a cidade.

Estamos certos de que, com a união de forças entre a iniciativa privada e os órgãos públicos, a expansão dos serviços de saneamento, além do apoio de toda a sociedade, a revitalização do rio Pinheiros pode ser uma realidade.

Quer entender melhor sobre como é possível promover a revitalização de mananciais por meio do saneamento básico? Leia nosso post sobre problemas causados pelo despejo de esgoto sem tratamento nos rios e fique por dentro do assunto.