A alimentação está diretamente relacionada com a sustentabilidade. O consumo de carne, por exemplo, afeta o meio ambiente de diferentes formas, e muitas pesquisas buscam entender como a pecuária interfere nas mudanças ambientais.

Nesse cenário, muitos movimentos que incentivam as pessoas a reduzirem o consumo de carne, como o “Segunda sem carne”, surgiram. A ideia é trocar a proteína animal pela vegetal e descobrir receitas e sabores novos. Com isso, é possível ter atitudes mais sustentáveis e que causam menos impactos ao meio ambiente.

Pensando nisso, preparamos este artigo para você entender como o consumo de carne, da forma que é feito hoje, pode ser repensado. Boa leitura!

Quais são os dados do consumo de carne no Brasil?

Nos últimos 50 anos, o consumo de carne no mundo aumentou de forma acelerada. Hoje, a produção équase cinco vezes maiordo que no começo da década de 1960. O salto foi de 70 milhões de toneladas para mais de 330 milhões em 2017.

No Brasil, esse cenário não é diferente. Desde 1990, o consumo de carne quase dobrou. Essa tendência é impulsionada, em grande parte, pelo aumento da renda média do brasileiro. Países que registraram um importante crescimento econômico nas últimas décadas refletem um aumento na alimentação baseada em proteína animal.

Um brasileiro come, em média, 40 quilos de carne bovina por ano, o que coloca o país na quarta posição do ranking de consumo desse tipo de proteína. Além disso, um brasileiro médio come também 11 quilos de porco e 32 quilos de frango todo ano.

Para conter uma crise alimentar e uma catástrofe climática, é importante reduzir a ingestão de proteína de origem animal. Nesse cenário, o relatório do Instituto de Recursos Mundiais (WRI) aponta que os consumidores devem reduzir em 40% a ingestão de carne.

As alternativas que o estudo indica para não piorar o quadro do aquecimento global ou gerar desequilíbrio alimentar são praticar o consumo consciente, elevar a produção por hectare e acabar com o desperdício de alimentos, que atinge um terço da população mundial.

Afinal, quais são os prejuízos do alto consumo de carne para a sociedade?

Além de afetar o meio ambiente de diversas formas, a pecuária está diretamente relacionada com as emissões de gases. Esses animais liberam grandes quantidades de gás metano na atmosfera, que pode poluir até 21 vezes mais do que o gás carbônico.

Além disso, o desmatamento causado para manter a agricultura e a pecuária em ampla escala colabora para a redução de florestas que atuam como importantes regiões de retenção de carbono. Outro problema das grandes áreas devastadas é o impacto na biodiversidade local.

Há cientistas que afirmam que os países ocidentais devemreduzir 90% do consumo de carne para controlar o aquecimento global e evitar que o planeta entre em crise. Além dos pontos apresentados, a produção de alimentos usa quantidades insustentáveis de água.

A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que a população mundial chegará a9,7 bilhões de pessoas até 2050, o que exigirá aumentar em 50% a produção de alimentos para sustentar todas as pessoas. Se seguirmos os mecanismos atuais, isso pode gerar impactos ambientais irreparáveis e fazer com que a Terra deixe de ser um espaço seguro para a humanidade.

O que é o vegetarianismo e o veganismo?

Buscando cortar completamente o consumo de carne, algumas pessoas optam por se tornarem vegetarianas ou veganas. No entanto, os termos ainda causam algumas confusões.

O vegetarianismo exclui da dieta qualquer tipo de carne, seja bovina, de porco, aves, peixes, etc. No entanto, é comum que a pessoa continue consumindo alguns produtos de origem animal, como ovos, leite e derivados e mel, e utilize itens fabricados com couro, por exemplo. Nesse caso, ela também é chamada de ovolactovegetariana.

Uma pesquisa realizada pelo IBOPE aponta que o número de vegetarianos vem crescendo no Brasil, e 14% da população declara não comer carne. É comum que as pessoas façam a transição para o vegetarianismo antes de se tornarem veganas.

Já o veganismo é um estilo de vida, pois não diz respeito apenas à alimentação e tem uma motivação ética muito forte. Veganos não consomem nenhum tipo de produto de origem animal, o que inclui cosméticos e produtos de limpeza que contenham ingredientes ou sejam testados em animais.

Além disso, não utilizam roupas de lã, couro ou seda, não frequentam locais como zoológicos, circos ou parques que usam animais como forma de lazer etc. Basicamente, o veganismo evita, na medida do possível e praticável, tudo o que envolve exploração e sofrimento animal, em qualquer área e aspecto.

Como reduzir o consumo de carne?

Mesmo com o crescente número de pessoas cortando a carne da alimentação, reduzir o consumo é uma opção mais acessível, viável e simples para a maioria das pessoas. No entanto, é importante saber como fazer as substituições corretas para evitar a deficiência de nutrientes.

Os grãos, como lentilha, ervilha, feijão e grão-de-bico, têm um teor proteico elevado e são ótimas fontes de substituição da proteína animal. O ideal é consumi-los junto com cereais, como arroz, milho, aveia, cevada, centeio e quinoa.

Dessa forma, eles formam uma proteína completa e muito semelhante à da carne. Outro ponto importante é comer muitos vegetais, frutas e legumes. Quanto mais variado e colorido o prato, mais nutrientes ele apresenta – essa dica vale todo mundo, independente da dieta. Couve, brócolis e espinafre, por exemplo, são ricos em ferro — uma substância importante quando o assunto é substituição da carne.

O ferro dos vegetais é menos absorvido pelo organismo que o de origem animal. Por isso, o equilíbrio alimentar é fundamental. Uma boa dica para melhorar a absorção desse nutriente é acompanhar as refeições de uma fonte de vitamina C, como a laranja. 

Promover algumas mudanças nos nossos hábitos é fundamental para a preservação do meio ambiente. Porém, não é necessário cortar todas as proteínas de origem animal das refeições. O interessante é repensar o consumo de carne e aproveitar para variar o cardápio do dia a dia.

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