O lançamento de esgoto nos rios sem tratamento adequado compromete a qualidade das águas nas áreas urbanas e impacta também a região à frente na direção para onde corre o rio. Além do meio ambiente, há consequências também para a saúde da população. O esgoto nos rios também afeta o uso potável da água, a irrigação, a balneabilidade, entre outros.
O tratamento de esgoto no Brasil contempla apenas 45% do esgoto gerado, o que significa que o restante é despejado diretamente na natureza, afetando solo, rios e praias de todo o país. Essa porcentagem representa 5,2 bilhões de metros cúbicos de esgoto despejados por ano.
Para trazer mais informações sobre o lançamento de esgoto nos rios, conversamos com Adriano Barbosa, Gerente de Operações na BRK Ambiental. Confira!
Por que o lançamento de esgoto ainda é feito de forma incorreta?
Dados do Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, mostram que o Brasil continua avançando lentamente no acesso ao saneamento básico. Nesse cenário, o maior gargalo ainda é o acesso aos serviços de esgoto.
O setor é composto por quatro pilares: esgotamento sanitário, abastecimento de água, coleta de lixo e drenagem de água da chuva. Apesar do avanço, o lançamento do esgoto sem tratamento ainda é uma realidade no país. De acordo com Adriano, isso acontece porque os investimentos em saneamento básico foram preteridos ao longo dos anos, além da questão da falta de recursos para investir no setor por parte do poder público.
Dessa forma, muitas companhias de saneamento não conseguem investir o necessário para a universalização dos serviços. Conforme o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2010 em diante, a média de investimentos caiu consideravelmente, reduzindo de R$ 13 bilhões para R$ 10,96 bilhões por ano em 2017.
O custo para universalizar o acesso aos quatro serviços do saneamento (esgoto, água, resíduos e drenagem) foi estimado em R$ 508 bilhões (entre 2014 e 2033) pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), exigindo uma média de aproximadamente R$ 18 bilhões anuais.
Lançado em 2013, a meta do Plansab é, até o ano de 2033, abastecer 99% da população com água potável e levar rede de esgoto a 92% dos brasileiros. Os investimentos no setor, no entanto, estagnaram e caíram. Com isso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o prazo não será cumprido e a universalização do saneamento básico ficará para 2060.
Ter coleta de esgoto não é o mesmo que ter tratamento. Muitas vezes o esgoto é apenas afastado de uma residência e despejado diretamente na água. Esse caso retrata um sistema de esgotamento sanitário incompleto ou implantado de forma parcial.
Para esse sistema estar funcionando plenamente, ele deve ser composto por diversas tubulações e instalações destinadas a realizar a coleta, o transporte, o afastamento, o tratamento e a disposição final do efluente tratado. Estações elevatórias de esgoto e estações de tratamento fazem parte desse processo.
Como deve ser feito o lançamento de esgoto?
Todo esgoto deve ser coletado e tratado em conformidade com a legislação e, então, lançado nos corpos receptores (geralmente, rios e córregos). O Atlas Esgoto, publicado pela Agência Nacional de Águas (ANA), revelou que mais de 110 mil quilômetros de rios estão com a qualidade da água comprometida por carga orgânica, ou seja, estão impactados pelo esgoto sem tratamento.
Os esgotos podem ser classificados de acordo com o tipo, sendo eles domésticos, não domésticos ou infiltrações. Confira as características de cada um a seguir.
Domésticos
São compostos por efluentes gerados em ambientes residenciais, em atividades fisiológicas e hábitos higiênicos, além daqueles produzidos em outros ambientes, nos quais as características físico-químicas são representativas do esgoto das residências.
Não domésticos
São despejos líquidos resultantes de processos de indústrias ou de atividades produtivas, de prestação de serviços ou de comércios, com características físico-químicas diferentes do esgoto doméstico.
Infiltrações
Parcelas em consequência de águas do subsolo que penetram nas tubulações por meio das juntas e de elementos acessórios.
O esgoto pode estar in natura, ou seja, não ter passado por nenhum tipo de tratamento. Nesse caso, a carga biológica do efluente polui os rios, as fontes de água e contamina todo o solo que tem contato com ele.
Por outro lado, o efluente tratado de forma eficiente, que passa por um rigoroso processo e que atende às resoluções ambientais (CONAMA, CPRH etc.) é devolvido à natureza sem perigo de poluição ou contaminação — às vezes, até mais limpo do que o próprio rio.
Segundo Adriano, “a eficiência de um processo de tratamento biológico chega, em projeto, a 98%, ou seja: praticamente toda a carga biológica é removida do efluente”.
Quais são os benefícios de tratar o esgoto antes do lançamento?
O saneamento é fundamental na vida das pessoas, e o setor é crucial para o futuro do Brasil devido ao seu poder de transformação. Uma das principais consequências para a população do lançamento de esgoto sem tratamento na natureza é o aumento da demanda por serviços de saúde.
A falta de tratamento pode gerar diversas doenças — especialmente as de veiculação hídrica —, e causa até prejuízos ao desenvolvimento das crianças. Outros problemas causados pelo esgoto são a perda de produtividade e de capacidade de trabalho, além de danos para a agricultura e alta dos gastos com sistemas de tratamento de água para abastecimento industrial, comercial e residencial.
A preservação do meio ambiente é outra importante razão para tratar os esgotos. As substâncias presentes no esgoto são prejudiciais para os corpos d’água. A presença de matéria orgânica pode reduzir a concentração de oxigênio dissolvido, ocasionando o escurecimento da água, a morte dos peixes e de outros organismos aquáticos, bem como a exalação de odores fortes e desagradáveis.
Os detergentes presentes nos esgotos também podem provocar a formação de espuma em locais com mais turbulência de massa líquida, e pesticidas podem gerar a morte de peixes e outros animais. A presença de nutrientes também aumenta a possibilidade de eutrofização, provocando o crescimento acelerado de algas que conferem gosto, odor e biotoxinas à água.
Com o correto tratamento do esgoto antes do lançamento nas águas, as características do solo e da água não são alteradas, além de reduzir a contaminação e a poluição desses recursos naturais. Além disso, ter certos cuidados dentro de casa também é importante para que a prestação dos serviços de esgoto não seja prejudicada. Dois exemplos práticos são fazer o descarte correto do óleo de cozinha e usar um ralo de pia para evitar que os restos de comida cheguem à rede, afinal, esgoto não é lixeira, certo?
Ao fazer um lançamento de esgoto adequado, levar água e saneamento de qualidade à população, promovemos a saúde e a melhoria da qualidade de vida e transformamos a vida das pessoas. Esse é o propósito da BRK Ambiental, que está presente em mais de 100 municípios brasileiros, beneficiando a vida de 15 milhões de pessoas e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social país.
Gostou de saber mais sobre o assunto? Quer esclarecer alguma dúvida? Entre em contato conosco e conheça mais sobre o trabalho da BRK Ambiental em diversos locais do Brasil!
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Este conteúdo foi produzido com base na entrevista realizada com Adriano Barbosa, Gerente de Operações na BRK Ambiental.
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