Saneamento em Pauta

Os 5 principais tipos de tratamento de esgoto e suas particularidades

Esgoto

Os 5 principais tipos de tratamento de esgoto e suas particularidades

Tanto a água quanto o esgoto devidamente tratados são serviços fundamentais a serem disponibilizados para a população. Isso é o que vai garantir que as pessoas estejam seguras ao beber água e não sejam expostas a diversas doenças e poluentes, já que água contaminada pode causar cólera, leptospirose, giardíase, hepatite A, etc.

O esgoto sem tratamento também é um veículo muito perigoso para a transmissão de doenças de veiculação hídrica. Por conta disso, existem diversos tipos de tratamento de esgoto, cada um com suas particularidades, mas todos eles visando o devido cuidado e atendendo os requisitos legais para a segurança da população e a preservação do meio ambiente, especialmente rios, lagos e oceanos.

Neste post listaremos os 4 principais tipos de tratamento de esgoto e as particularidades de cada um deles. Boa leitura!

1. Lagoas de estabilização

As lagoas de estabilização são sistemas utilizado nas estações de tratamento de esgoto. Realizado por meio de processos biológicos que consomem a matéria orgânica do esgoto através da oxidação bacteriológica, resulta em um efluente tratado com qualidade para retornar ao meio ambiente.

É importante saber que existem alguns tipos de lagoas de estabilização, sendo elas as anaeróbias, as facultativas, as de maturação e as aeradas.

Lagoa facultativa

Possui de 1,5 a 3 metros de profundidade. O nome “facultativa” é referente à mistura de características aeróbias e anaeróbias e são modelos simplificados de lagoas de estabilização. Dentro das lagoas facultativas, as camadas superiores das águas estão em condições aeróbias. Já as que se encontram mais fundo na lagoa são predominantemente anaeróbias.

Nesse tipo de lagoa, o esgoto bruto é conduzido até a lagoa e percorre toda a sua extensão, até que saia pela extremidade oposta e seja devolvido à natureza em condições adequadas. O período necessário de permanência na lagoa é superior a 20 dias.

Durante esse lento trajeto, parte da matéria orgânica acaba se acumulando no fundo da lagoa e formando o lodo, que fará a decomposição de parte da matéria orgânica aos poucos pelas bactérias anaeróbias. Enquanto isso, a matéria orgânica que está dissolvida no esgoto é oxidada pelas bactérias aeróbias, presentes na camada superior da lagoa.

O oxigênio essencial para a ação das bactérias nas camadas mais superficiais é fornecido parcialmente pelo ambiente externo, pela proximidade com o ar. Porém, grande parte dele é resultado da própria fotossíntese das algas que se desenvolvem naturalmente na lagoa, devido à riqueza em nutrientes e estar recebendo diretamente a luz solar.

As bactérias aeróbias que se encontram nas lagoas usam o oxigênio gerado pelas algas para oxidar a matéria orgânica. Esse processo gera gás carbônico, que é usado pelas algas na fotossíntese, fechando o ciclo.

As lagoas facultativas são excelentes para comunidades pequenas e pouco populosas, como cidades interioranas.

Lagoa anaeróbia

Possui de 3 a 5 metros de profundidade, de modo que a penetração de luz nas camadas inferiores seja evitada. Nesse sistema, a degradação da matéria orgânica ocorre por processos de fermentação e digestão ácida. Essas lagoas possuem um grande volume de matéria orgânica, para que a quantidade de oxigênio consumido seja superior ao que está sendo produzido.

Esse tipo de tratamento acontece em duas etapas. Durante a primeira, as moléculas da matéria orgânica estão sendo sintetizadas, transformando-se em estruturas simples e, posteriormente, em ácidos. Na segunda etapa, os ácidos formados anteriormente passam por uma conversão e são transformados em metano, água e gás carbônico.

Lagoa de maturação

Possui de 0,8 a 1,2 metros de profundidade. Esse tipo de lagoa de estabilização é utilizado para a uma melhor qualidade do efluente tratado anteriormente, com um alto índice de eficiência na remoção de organismos patógenos. As lagoas de maturação são comumente utilizadas após lagoas facultativas e Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente (RAFA, também conhecidos como UASB). O período necessário de permanência na lagoa é superior a 3 dias. 

Por dependerem de bactérias aeróbias e de processos de fotossíntese, possuem uma superfície grande e são mais rasas do que as lagoas facultativas. Com isso, há mais oxigênio dissolvido e uma boa penetração da luz do sol e da radiação ultravioleta, que proporcionam a remoção de bactérias e vírus patogênicos.

2. Lagoas aeradas

O processo de tratamento de lagoas aeradas através de lagoas de estabilização tem a finalidade de manter uma concentração de oxigênio dissolvido em toda a massa líquida, garantindo as reações bioquímicas que caracterizam o processo.

As lagoas aeradas são, quase sempre, construídas em terra, da mesma forma que as lagoas clássicas de estabilização, ou eventualmente em concreto armado, similares aos tanques de aeração do processo de lodos ativados. A principal vantagem desse sistema comparado às lagoas de estabilização é que, devido ao fornecimento contínuo de oxigênio e a capacidade de mistura dos equipamentos, permite maiores profundidades, com a área ocupada chegando a ser até cinco vezes menor.

O processo de lagoas aeradas é utilizado para o tratamento de esgotos domésticos e industriais com elevado teor de substâncias biodegradáveis. 

3. Reatores UASB

Os reatores UASB são o principal método de tratamento de esgotos em uso no Brasil atualmente. Eles podem funcionar tanto como unidades únicas quanto seguidas por outra técnica de pós-tratamento, como as lagoas de maturação ou lodos ativados.

O processo dos reatores UASB é resumido em um fluxo de esgotos por meio de um leito de lodo denso. Como resultado disso, temos a estabilidade da maior parte da matéria orgânica pela biomassa.

Dentro dos reatores UASB, a biomassa se desenvolve dispersa no meio. Por haver uma grande concentração de biomassa no reator, o volume necessário para o funcionamento dos reatores é reduzido, comparado aos demais tipos de tratamentos de esgoto. Como produto, a atividade anaeróbia do tratamento gera alguns gases, como metano e gás carbônico.

A parte superior que compõe os reatores é estruturada para que seja possível a separação e o acúmulo de gás, além da separação dos sólidos, retendo a biomassa e impossibilitando que ela seja liberada juntamente ao efluente tratado. Essa estrutura também pode ser chamada de trifásica, já que é responsável pela separação de líquidos, sólidos e gases.

4. Lodos ativados

O lodo ativado é a massa biológica produzida em um processo de tratamento de esgoto com a presença de oxigênio dissolvido, que remove a matéria orgânica biodegradável das águas residuais. Esse método de tratamento se dá por meio da oxidação dos poluentes orgânicos ocasionada pela presença de bactérias aeróbias. O processo é controlado pelo excesso de oxigênio em tanques de aeração, que fornecem o oxigênio para os microorganismos. Em seguida, o efluente é encaminhado para os decantadores.

Após decantar, o lodo é devolvido ao tanque de aeração para reativar a ação das bactérias por meio da completa mistura do lodo com o efluente. O objetivo é aumentar a concentração de microrganismos para estabilizar a matéria orgânica. Assim, a eficiência do processo de tratamento aumenta. O líquido resultante do decantador é o efluente tratado, que é então devolvido à natureza.

Nesse processo, existe um alto índice de mecanização e, como consequência disso, um grande consumo de energia. Em contrapartida, o tratamento de esgotos por lodos ativados é muito aplicado em todo o mundo, já que possui grande capacidade de remover sólidos, matéria orgânica e nutrientes. Além disso, é uma das melhores opções para quando não se tem muito espaço disponível.

5. Nereda

A tecnologia Nereda foi desenvolvida na Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda e é um sistema de tratamento de esgoto revolucionário. Esse método utiliza biomassa aeróbica granular e, em seus processos, não há a adição de produtos químicos. Além disso, uma de suas maiores vantagens o menor gasto de energia enquanto ocupa espaços reduzidos, mantendo uma excelente qualidade no tratamento dos esgotos.

Isso ocorre porque o nível de tratamento do esgoto com essa tecnologia é terciário. Desse modo, além da remoção da matéria orgânica (que ocorre em sistemas de tratamento de nível secundário) há a remoção de nutrientes como nitrogênio e fósforo, pelo mesmo valor de investimento. 

No Brasil, o Nereda é uma inovação pioneira por ser um tratamento 100% biológico. A tecnologia ainda ajuda a reduzir o impacto ambiental das operações de tratamento de esgoto, pois o efluente gerado é de maior qualidade.

No Brasil, existe um grande potencial para a implementação desses diferentes tipos de tratamento de esgoto, já que cerca de metade da população ainda não tem acesso aos serviços de esgoto.

O tratamento de esgoto e o saneamento básico nas cidades integram as condições mínimas de saúde e bem-estar dos cidadãos. Assim, investir em saneamento é primordial. Por isso, vale lembrar da grande importância de contar com empresas especializadas e que promovem serviços de abastecimento de águas e esgotamento sanitário nos mais altos padrões de qualidade, como a BRK, que possui profissionais experientes para levar o melhor serviço para a população e o desenvolvimento sustentável das comunidades.

Gostou de conhecer alguns dos principais tipos de tratamento de esgoto? Você também pode gostar de outro artigo nosso em que falamos sobre como esse processo contribui para a limpeza dos rios. Confira!

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Comentários


4 respostas para “Os 5 principais tipos de tratamento de esgoto e suas particularidades”

  1. Gostaria de apresentar a BRK, uma 6a Tecnologia para tratamento de esgotos (100% Brasileira), de alta eficiência, baixo consumo energético e que não emite GEE. Uma Tecnologia Eletroquímica Avançada, onde a partir de uma reator eletrocapacitivo de última geração, é capaz de reduzir elevadas DQO, Nutrientes e Surfactantes, a níveis muito abaixo dos limites especificados pela CONAMA 430.
    A tecnologia já foi testada e validade por outras concessionárias, e possui flexibilidade para ser utilizada em unidades unifamiliares (10,30 ou 50 habitantes), até ETE para grandes centros urbanos.

  2. boa tarde,trabalhei na odebrecht ambiental depois passou a ser BRK,trabalhei 2007 a2018 trabalhando com encarregado,para mim é um grande aprendizado é uma area que eu gosto e continuo fazendo o mesmo.

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