Você se preocupa com a coleta seletivo de lixo na sua casa? Essa atitude é importantíssima, ainda mais quando levamos em conta a crescente produção de lixo no mundo todo. Para se ter uma ideia, em 2019 foram gerados só no Brasil 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Ainda segundo estudos da associação, de 2010 para cá houve um aumento de 12,4 milhões de toneladas de lixo gerado pela população brasileira. Outro dado alarmante dá conta de que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano, o que corresponde a mais de 1 kg por dia. Alarmante, não?
Desse montante todo de lixo produzido no país, 92% são coletados de alguma forma. Ainda assim, 6,3 milhões de toneladas deixaram de ter um destino adequado. Diante desse cenário, apontamos ao logo deste texto o que cada um pode e deve fazer para contribuir com a coleta seletiva e o descarte de lixo adequado. Boa leitura e mãos à obra!
O que é a coleta seletiva de lixo?
O conceito da coleta seletiva é simples: ela consiste em separar os resíduos produzidos de acordo com a sua composição. A partir disso, eles podem ser descartados e encaminhados para o manejo adequado, o que inclui a reciclagem desses materiais.
De acordo com a legislação vigente, iniciativas envolvendo a implementação e a expansão de práticas de coleta seletiva são responsabilidade das administrações municipais. Quem regula como deve ser essa gestão é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que dispõe sobre o gerenciamento desse material.
Como ela funciona?
Boa parte dos resíduos produzidos em nossas casas podem ser reciclados. Porém, o processo de reciclagem de cada item tem características específicas. Uma latinha de alumínio não será processada e transformada em nova matéria-prima do mesmo jeito que uma caixa de papelão, por exemplo.
Além disso, alguns tipos de resíduos não podem ser reciclados, como é o caso do lixo orgânico (composto basicamente por restos de alimentos, lixo do banheiro e material de varrição, como folhas de árvore e sobras de podas de canteiros e jardins). Nesse caso, o material acumulado deve ser descartado em local adequado ou ser encaminhado para processos de compostagem, no qual a decomposição transforma esses rejeitos em adubo.
Com isso, o princípio básico da coleta seletiva envolve a separação dos resíduos orgânicos do material seco e reciclável. Os principais tipos de lixo seco são:
- metais (alumínio ou aço);
- embalagens longa vida;
- papel e papelão;
- plástico;
- vidros.
Sempre é bom ressaltar que as embalagens devem estar limpas, sem a presença de material orgânico (principalmente restos de alimento) para serem encaminhadas para a coleta seletiva.
Essa primeira separação já facilita muito o processo de coleta, que pode ser feito pelo serviço público de limpeza de cada cidade ou por coletores de cooperativas de reciclagem, que passam de porta em porta coletando o material. Outra opção é a implementação de postos de coleta, que permitem que cada morador leve seu lixo separado até lá.
Após a coleta, todo o material recolhido é encaminhado para um processo de triagem, que separa o lixo de acordo com sua composição e envia para empresas capacitadas para fazer a reciclagem e interessadas nessa fonte de novas matérias-primas.
É aqui que a importância da separação ganha força, conforme destacamos no começo deste texto: se resíduos de diferentes origens estiverem todos misturados, o processo de triagem fica mais complexo e muitas vezes torna-se inviável, impossibilitando a reciclagem.
Importante: não confunda a coletiva seletiva com outras iniciativas de gerenciamento de resíduos, como é o caso da logística reversa. Esse sistema prevê que determinadas indústrias devem adotar iniciativas para que o consumidor possa encaminhar de volta alguns tipos de resíduos, principalmente aqueles que possam representar riscos se forem descartados de forma inapropriada, como pilhas e embalagens de produtos químicos.
Quais os impactos positivos dessa medida?
A implementação em larga escala da coletiva seletiva tem o potencial para trazer inúmeros benefícios para o bem-estar de moradores de qualquer município, sem falar do peso dessas medidas na preservação ambiental e até na gestão de recursos da indústria. Abaixo, listamos os principais impactos positivos.
Menor pressão sobre os aterros sanitários
A coleta seletiva reduz o volume de lixo enviado para aterros sanitários (ou lixões, para cidades que ainda não contam com um aterro). Com isso, eles têm sua vida útil aumentada e fazem com que os municípios não tenham que ficar procurando novas destinações para o lixo de forma constante.
Melhor aproveitamento dos recursos naturais
O lixo encaminhado para a reciclagem se transforma em uma nova fonte de matéria-prima para a indústria, permitindo um melhor aproveitamento de recursos e evitando a exploração de recursos para a produção de mais produtos.
Diminuição da poluição ambiental
Com a coleta seletiva a chance de um resíduo ter descarte inadequado e ir parar na natureza diminui bastante, o que contribui com a preservação dos ecossistemas e da fauna e flora que neles habitam.
E esse já é um problema com que a humanidade tem que lidar de forma mais urgente em algumas situações: o descarte no rio ou mar, por exemplo, aumenta a quantidade de poluentes da água, que vão parar nesses locais que podem ser fontes valiosas de abastecimento desse recurso natural.
Benefícios econômicos
Para que a coleta seletiva funcione, ela depende de uma cadeia composta de diversos trabalhadores, que atuam desde o recolhimento até a triagem e processamento do material a ser reciclado. Isso gera empregos e faz com que essa atividade se torne uma fonte de renda para inúmeras famílias, contribuindo com o desenvolvimento social sustentável de toda a sociedade.
Como cada um de nós pode contribuir com a coleta seletiva?
Embora a implementação de um sistema de coleta seletiva seja responsabilidade dos municípios, cada um de nós pode adotar comportamentos que facilitam esse processo. Acompanhe algumas dicas práticas.
Separe da melhor forma possível
Falamos mais cedo sobre a separação entre lixo seco e orgânico. Procure ir além disso sempre que possível. Mantenha os materiais descartados limpos e sem umidade, o que facilita a coleta, previne o mau cheiro, a proliferação de pragas e vetores de doenças e evita a degradação do material.
Reduza a produção de lixo
Além de separar, que tal reduzir a produção de lixo? Para isso, dê preferência a produtos com embalagens reutilizáveis ou que utilizem menos materiais. Na hora de ir às compras, também opte por levar sua sacola retornável.
Embale de forma adequada
Disponha todo o lixo acumulado de forma adequada. Sacos de lixo e sacolas plásticas são a melhor forma de fazer isso. Dê atenção especial aos materiais que possam representar algum perigo, como embalagens de vidro, por exemplo. É sempre bom sinalizar no próprio saco de lixo sobre a presença de elementos cortantes e a necessidade de cuidado extra com o manuseio.
Dê o destino correto
Se informe sobre como a prefeitura da sua cidade coordena a coleta seletiva. Como vimos, algumas fazem o recolhimento de porta em porta, enquanto outras atuam por meio de pontos de coleta. Seja qual for o modo, faça a sua parte.
Nos casos em que a cidade não atua na coleta seletiva, vale procurar por empresas e cooperativas especializadas nessa tarefa. Certamente elas terão interesse em recolher o material separado e dar o destino correto a ele. Com isso, todos sairão ganhando, principalmente o meio ambiente.
Agora que você já sabe tudo sobre coleta seletiva de lixo, que tal conhecer a relação entre saneamento básico e cidadania? Confira nosso post!
BRK
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