Quando o assunto é água e inovação, o principal estímulo é a preocupação com a disponibilidade de água potável para a população e para as próximas gerações em todo o planeta. Diante disso, diversas alternativas têm sido desenvolvidas para aperfeiçoar o aproveitamento desse recurso e adotar posturas sustentáveis, bem como buscar soluções para a preservação dos mananciais.

Nesse contexto, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 2,6 milhões de pessoas passaram a ter acesso ao recurso desde 1990, e 91% da população mundial já presenciou melhorias na qualidade da água que consomem. No entanto, 2,2 bilhões de pessoas ainda não têm serviços de água potável gerenciados de forma segura – ou seja, uma a cada três pessoas no mundo!

Pensando nisso, mostraremos, neste artigo, a importância das políticas de inovação para a universalização do abastecimento de água com qualidade e segurança, além de comentar sobre os desafios para alcançar esse objetivo. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

Os impactos da falta de acesso à água tratada

Devido a diversos fatores climáticos, geográficos e políticos, a escassez de recursos hídricos é uma realidade em diversas partes do mundo.

Em algumas regiões do planeta, como nos países do continente africano, a situação de escassez hídrica já atinge índices críticos de disponibilidade. Mas fato é que, como vimos acima, cerca de um terço da população mundial não tem acesso à água potável

A falta desse recurso, junto à falta de saneamento, que atinge mais da metade da população do planeta, faz com que milhões de pessoas morram anualmente em decorrência de doenças transmitidas pela água

Os 4 métodos inovadores para a melhoria da disponibilidade hídrica

A palavra inovação está associada à criação de algo novo e refere-se a uma ideia, um método ou um objeto criado. É um processo transformador que promove a ruptura de paradigmas, mesmo que de maneira parcial, impactando positivamente a qualidade de vida e o desenvolvimento humano. 

No saneamento, os processos inovadores trazem diversos benefícios. A seguir, confira 4 dos principais métodos quando se trata de água e inovação, que combinam tecnologia e processos de disponibilidade hídrica e contribuem para combater o problema da água no mundo.

1. Água de reúso

A água de reúso é aquela água que foi usada pelas pessoas em residências, indústrias e na agricultura e que, após passar por um tratamento específico, volta a ter qualidade para diferentes usos. Aqui no Brasil, essa água não é utilizada para fins potáveis, mas é empregada em serviços de energia, refrigeração, irrigação, limpeza, entre outros.

A reutilização de água se dá direta e indiretamente. O reúso direto ocorre quando os esgotos, após o tratamento específico, são encaminhados diretamente do seu ponto de descarga até o local de reutilização, não sendo jogados no meio ambiente. Já o reúso indireto acontece quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de maneira planejada e controlada em rios e lagos para serem novamente utilizados. O nome desse processo é recarga de mananciais.

Usar água de reúso contribui para que a disponibilidade de água para consumo seja maior, já que ela pode ser empregada em diversas usos não potáveis, reduzindo o problema do abastecimento. Portanto, apresenta-se como uma alternativa viável e sustentável.

2. Nanotecnologia associada ao tratamento de água

A tecnologia das partículas microscópicas para o tratamento de água também é uma possibilidade que pode contribuir para o aumento da disponibilidade hídrica. Trata-se de uma metodologia que incorpora materiais em escala nanométrica que permitem a purificação da água.

A eficiência do processo de nanotecnologia e a eliminação das impurezas dependem necessariamente da fase de limpeza da água em que o procedimento é aplicado. Assim, ela pode ser utilizada para tirar sedimentos, resíduos químicos, partículas carregadas, bactérias e outros micro-organismos.

Em comparação aos sistemas tradicionais, a nanotecnologia é mais eficiente, tem área de superfície muito grande e pode ser limpa simplesmente por meio de retrodescarga.

3. Dessalinização

Trata-se de um processo físico-químico de retirada de sais da água para torná-la própria para o consumo. Isso ocorre por meio de procedimentos como osmose reversa, destilação térmica e destilação multiestágios.

O processo de dessalinização da água é simples, o problema é que os tanques ocupam áreas grandes que precisam receber iluminação solar satisfatória para que a evaporação ocorra devidamente. Além disso, os custos de operação e de manutenção desses sistemas torna desafiadora a viabilidade da iniciativa.

No entanto, projetos nessa área são eficazes para preservar os recursos hídricos naturais, reduzir perdas e liberar capacidade das estações de tratamento de água existentes.

4. Irrigação por gotejamento na agricultura

A busca por práticas mais eficientes, que demandem menos recursos e forneçam melhores resultados em qualidade e produtividade, acentuou-se significativamente. Diante disso, foi desenvolvido um emissor para irrigação por gotejamento, em que a água é aplicada especificamente por meio de gotas diretamente no solo.

A irrigação por gotejamento é adequada para todos os cultivos e produtores, independentemente do seu tamanho. Trata-se de uma tecnologia voltada não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também para a econômica, gerando uma produção mais rentável ao produtor e uma agricultura mais consciente.

Entre as outras propostas de tecnologias de tratamento, que visam à eficiência operacional e ao aumento da disponibilidade hídrica, podemos destacar:

  • ecossistemas de inovação;
  • criação de valor compartilhado e negócios de impacto;
  • sistemas inteligentes e novas perspectivas;
  • água virtual na cadeia da indústria;
  • infraestrutura verde e soluções baseadas na natureza;
  • mercados de água e gestão integrada de recursos hídricos. 

Os obstáculos para aumentar a disponibilidade de água

O nosso planeta tem mais de 70% de sua superfície coberta por oceanos. No entanto, dos cerca de 1,5 bilhão de metros cúbicos de água sobre a Terra, apenas 3% é de água doce, que pode ser tratada e distribuída às pessoas. Nesse sentido, é preciso reforçar que o consumo consciente de água em todas as esferas é fundamental na preservação e na dispoibilidade do recurso para as gerações futuras.

Além disso, embora seja prioridade no setor, muitos desafios são enfrentados no que diz respeito ao processo de incentivo à inovação para o tratamento e o fornecimento de água. Isso acontece, sobretudo, porque há uma carência tanto na oferta dos serviços de saneamento quanto no investimento para ampliar esse atendimento.

Além disso, outros desafios são apontados para melhorar esses serviços, como:

  • um ambiente de regulação e planejamento adequado em todo o território nacional;
  • elevar a participação das empresas privadas e valorizar o potencial social.

Com o Novo Marco Legal do Saneamento, sancionado em julho de 2020, o Brasil agora tem o potencial de transformar a realidade do setor. Com a nova lei, alguns aspectos da regulação dos serviços de saneamento foram modificados e novas metas de universalização foram estabelecidas.

Agora, até 2033, 90% da população brasileira deve ter acesso à coleta de esgoto e 99% da população deve ter acesso à água tratada. Ou seja, agora há a esperança de que os serviços, finalmente, cheguem a muito mais brasileiros e brasileiros até a próxima década.

Gostou deste nosso artigo sobre água e inovação? Então, aproveite a visita em nosso blog e saiba o que esperar do futuro da água e como contribuir para sua preservação!